Terremoto, tsunami e acidente nuclear de 2011 fizeram mais de 18 mil vítimas fatais; Francisco exorta combate à cultura da indiferença
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco começou a semana e a sua segunda-feira, 25, no Japão encontrando as vítimas do terremoto de março de 2011, que provocou um tsunami e causou um acidente nuclear em Fukushima – comprovado por especialistas como um desastre provocado pelo homem, e não apenas uma consequência da força da natureza no nordeste do país.
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O Pontífice iniciou seu discurso falando da importância de encontrar e de ouvir os sobreviventes dos desastres, que tanto sofreram, mas que, com a sua presença, demonstram “esperança aberta para um futuro melhor”. A convite de uma das vítimas, Matsuki, o Papa motivou os japoneses a viverem um momento de silêncio e oração “pelas mais de 18 mil pessoas que perderam a vida, pelas suas famílias e pelos que ainda estão desaparecidos”.
Em seguida veio o agradecimento às forças locais que trabalharam na reconstrução das áreas afetadas e auxiliaram as mais de 50 mil pessoas evacuadas por causa das catástrofes e que, ainda hoje, moram “em alojamentos provisórios, sem poder ainda regressar às suas casas”. O Pontífice também estendeu gratidão ao mundo todo que se mobilizou, com “a oração e a assistência material e financeira”, para socorrer as populações atingidas.
O apelo pelo suporte às vítimas continua mesmo depois de 8 anos dos três desastres, afirmou Francisco, ao lembrar que muitos afetados agora estão esquecidos, precisando enfrentar “terras e florestas contaminadas e os efeitos a longo prazo das radiações”. Pela solidariedade e apoio de toda a comunidade, Francisco exortou: “Ninguém se ‘reconstrói’ sozinho, ninguém pode começar de novo sozinho. É essencial encontrar uma mão amiga, uma mão irmã, capaz de ajudar a erguer não só a cidade, mas também o olhar e a esperança”.
Ao responder um questionamento do sobrevivente Tokuun, sobre o problema das guerras, dos refugiados, da alimentação, das desigualdades econômicas e dos desafios ambientais, o Santo Padre disse que é preciso tomar decisões corajosas sobre o uso dos recursos naturais, em particular, sobre as fontes de energia, mas sobretudo trabalhar para combater um dos males que mais afeta homens e mulheres: a indiferença.
“Urge mobilizar-se para ajudar a tomar consciência que, se um membro da nossa família sofre, todos sofremos com ele; porque não se alcança uma interconexão se não se cultiva a sabedoria da mútua pertença – pertencemo-nos uns aos outros –, a única capaz de assumir os problemas e as soluções de maneira global”, frisou. O Papa também fez referência ao acidente nuclear em Fukushima que continua trazendo consequências, em especial, no tecido da sociedade para restabelecer os laços das comunidades locais: “ Daqui brota a preocupação com o prolongamento do uso da energia nuclear, como justamente apontaram os meus irmãos bispos do Japão, que pediram a abolição das centrais nucleares. O nosso tempo sente-se tentado a fazer do progresso tecnológico a medida do progresso humano”.
Esse “paradigma tecnocrático” de progresso e desenvolvimento, acrescentou o Santo Padre, afeta a vida das pessoas e o funcionamento da sociedade. O momento é de reflexão crítica e de grande responsabilidade com as futuras gerações sobre quem queremos ser, exortou Francisco: “Que espécie de mundo, que tipo de legado queremos deixar a quem vier depois de nós?” Nesse caminho, “todos podemos colaborar, como instrumentos de Deus, no cuidado da criação, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidades”.
“Queridos irmãos, no trabalho contínuo de recuperação e reconstrução depois dos três desastres, muitas mãos se devem juntar e muitos corações se devem unir como se fossem um só. Dessa forma, as pessoas que sofreram receberão apoio e saberão que não foram esquecidas. Saberão que muitas pessoas compartilham, ativa e eficazmente, o seu sofrimento, e continuarão a estender uma mão fraterna para ajudar. Mais uma vez, louvemos e demos graças por todos aqueles que procuraram, com simplicidade, aliviar o peso das vítimas. Que essa compaixão seja o caminho que permita a todos encontrar esperança, estabilidade e segurança para o futuro”.