Francisco enviou carta datada de 12 de dezembro a seu representante na Rússia em que manifesta pesar pela duração prolongada do conflito
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao Núncio Apostólico na Rússia, Dom Giovanni d’Aniello. No texto, datado de 12 de dezembro, o Pontífice expressa sua tristeza pela guerra, uma “grave ferida infligida à família humana”, e incentiva “esforços diplomáticos renovados” para conter o conflito e trazer a paz.
“Espero que os esforços humanitários destinados aos mais vulneráveis possam abrir caminho a esforços diplomáticos renovados, necessários para deter a progressão do conflito e alcançar a tão esperada paz”, registra o Santo Padre.
Ele já havia enviado uma carta anteriormente ao seu representante na Ucrânia, Dom Visvaldas Kulbokas, por ocasião do milésimo dia do conflito que teve início em fevereiro de 2022. Francisco escreveu que Deus “pedirá contas” de “todas as lágrimas derramadas” pela guerra que está em andamento.
Lágrimas derramadas
Em sua carta a Dom d’Aniello, o Papa reconhece que a paz “muito esperada” ainda parece um objetivo distante. Além disso, em quase três anos de bombardeios, assassinatos, feridos, prisões, há milhares de mortos pelos países, desfazendo famílias e gerando dor para “milhares de mães, pais e filhos que choram os seus entes queridos caídos na guerra ou que se angustiam pelos desaparecidos, feitos prisioneiros ou feridos, sejam militares ou civis”.
“O seu grito eleva-se a Deus, invocando a paz em vez da guerra, o diálogo em vez do barulho das armas, a solidariedade em vez de interesses partidários, porque nunca se pode matar em nome de Deus”, exprime o Pontífice.
Na sequência, ele afirma que “a dolorosa e prolongada duração dessa guerra” leva à urgência, e exorta à reflexão conjunta sobre como aliviar o sofrimento e reconstruir a paz. “Estamos todos ligados por uma responsabilidade recíproca, no espírito da verdadeira fraternidade humana”, acrescenta.
Unir-se em oração pelo fim da violência
O Santo Padre reitera sua aflição com o sofrimento dos inocentes. Ele recorda um trecho do livro “Os Irmãos Karamazov”, de Fiódor Dostoiévski, no qual expressa-se que “o sofrimento infligido aos inocentes é uma poderosa denúncia de todas as formas de violência”.
Diante disso, Francisco sinaliza sua união ao grito de quem sofre “com o coração aflito pelas vidas destruídas, pela destruição e pelo sofrimento, e também pela grave ferida infligida à família humana por esta guerra”.
Por fim, o Papa também relembra as palavras de São Serafim de Sarov, “um sábio homem de Deus, tão querido pelo povo russo”, que afirmou: “adquira o espírito de paz e milhares ao seu redor serão salvos”. O Pontífice então convida “toda pessoa de boa vontade a unir-se na oração a Deus, implorando o dom da paz, e no compromisso de contribuir para este nobre objetivo, para o bem de toda a humanidade”.