Em sua mensagem para a data, Francisco exorta a humanidade a sonhar um mundo sem distinção entre ‘nós’ e os ‘outros’
Da redação, com Boletim da Santa Sé
A mensagem do Papa Francisco para o 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado foi divulgada nesta quinta-feira, 6. O tema é: “Rumo a um nós cada vez maior”.
O Pontífice inicia seu texto citando um trecho de sua carta encíclica Fratelli Tutti:
“Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam ‘os outros’, mas apenas um “nós”” (n. 35). Esta é uma preocupação e um desejo do Santo Padre.
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Um horizonte para um caminho comum
Para a data, Francisco deseja indicar um horizonte para um caminho comum neste mundo. Segundo o Papa, este horizonte encontra-se no próprio projeto criador de Deus.
“Deus criou o ser humano à sua imagem (…). Abençoando-os, Deus disse-lhes: ‘Crescei, multiplicai-vos’ (Gn 1, 27-28)”, cita o Pontífice.
Segundo o Santo Padre, homem e mulher, apesar de diferentes são complementares. Juntos, multiplicam gerações.
Reconciliação
Deus oferece um caminho de reconciliação, afirma o Papa. Este caminho é oferecido não a indivíduos isoladamente, mas a um povo.
Assim, Francisco ressalta que a história da salvação vê um “nós” no princípio e um nós no fim.
Humanidade dividida
O tempo presente mostra que o “nós” querido por Deus está. Isto verifica-se sobretudo nos momentos de maior crise, como agora com a pandemia, aponta o Pontífice.
O Santo Padre condenou os nacionalismos fechados e agressivos (cf. Fratelli tutti, 11), e também o individualismo radical (cf. ibid., 105).
“O preço mais alto é pago por aqueles que mais facilmente se podem tornar os outros: os estrangeiros, os migrantes, os marginalizados, que habitam as periferias existenciais”.
Todos no mesmo barco
Francisco voltou reforçar que todos estão no “mesmo barco” e são chamados a eliminar os “muros que nos separam”.
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“Por isso aproveito a ocasião deste Dia Mundial para lançar um duplo apelo a caminharmos juntos rumo a um nós cada vez maior”, escreve. Os pedidos do Papa são direcionados aos fiéis católicos e todos os homens e mulheres.
Ser católico
Aos católicos, o Santo Padre pede que se configurem cada vez mais fielmente ao seu ser de católicos. O Espírito de Deus que está presente na Igreja torna os fiéis capazes de abraçar a todos.
Tal atitude resulta em uma comunhão na diversidade, que harmoniza as diferenças sem nunca impor uma uniformidade que despersonaliza.
“No encontro com a diversidade dos estrangeiros, dos migrantes, dos refugiados e no diálogo intercultural que daí pode brotar, é-nos dada a oportunidade de crescer como Igreja, enriquecer-nos mutuamente”, sublinha o Pontífice.
Igreja mais inclusiva
Outro apelo de Francisco é por uma Igreja mais inclusiva, que dê continuidade à missão que Jesus Cristo confiou aos Apóstolos.
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Hoje, a Igreja é chamada a sair para cuidar de quem está ferido, destaca o Papa. Entre estas pessoas estão os migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano.
Um mundo mais inclusivo
A todos os homens e mulheres, Francisco pede para caminharem juntos rumo a um “nós” cada vez maior. O objetivo é construir em conjunto um futuro de justiça e paz, tendo o cuidado de ninguém ficar excluído.
“Hoje, devemos aprender a viver, juntos, em harmonia e paz” – Papa Francisco
Outro apelo do Santo Padre é para que os muros sejam derrubados e pontes sejam construídas. Elas devem favorecer a cultura do encontro, cientes da profunda interconexão que existe.
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Migrações: oportunidade de superar os medos
Nesta perspectiva, o Pontífice afirma que as migrações contemporâneas oferecem a oportunidade de superação dos medos. Elas permitem que haja um enriquecimento pela diversidade do dom de cada um.
“Então, se quisermos, poderemos transformar as fronteiras em lugares privilegiados de encontro, onde possa florescer o milagre de um ‘nós’ cada vez maior”, defende.
Sonho
Por fim, Francisco ressaltou que todos são chamados a sonhar juntos. “Não devemos ter medo de sonhar e de o fazermos juntos como uma única humanidade, como companheiros da mesma viagem, como filhos e filhas desta mesma terra que é a nossa Casa comum, todos irmãs e irmãos” (cf. Fratelli tutti, 8).
Oração
Por fim, o Papa divulgou uma oração para a data:
“Pai santo e amado, o vosso Filho Jesus ensinou-nos que nos Céus se esparge uma grande alegria quando alguém que estava perdido é reencontrado, quando alguém que estava excluído, rejeitado ou descartado é reinserido no nosso nós, que assim se torna cada vez maior.
Pedimo-Vos que concedais a todos os discípulos de Jesus e a todas as pessoas de boa vontade a graça de cumprirem a vossa vontade no mundo. Abençoai todo o gesto de acolhimento e assistência que repõe a pessoa que estiver em exílio no nós da comunidade e da Igreja, para que a nossa terra possa tornar-se, tal como Vós a criastes, a Casa comum de todos os irmãos e irmãs. Amém”.