Missa

Papa no Sudão do Sul: erradicar as armas do ódio, o amor muda a história

Neste domingo, 5, Francisco celebrou a Santa Missa no Mausoléu “John Garang”, em Juba

Da redação, com Vatican News

Foto: Vatican Media/Simone Risoluti via Reuters

No seu último dia de visita ao Sudão do Sul, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Mausoléu de “John Garang”, na manhã deste domingo, 5, na presença, segundo as autoridades locais de mais de 100 mil pessoas.

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Na sua homilia, o Santo Padre recordou as palavras do Apóstolo Paulo à comunidade de Corinto quando disse: “Não me apresentei com o prestígio da linguagem ou da sabedoria, para vos anunciar o mistério de Deus. Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo e, Este, crucificado” (1 Cor 2, 1-2).

“A trepidação de Paulo”, disse o Pontífice, “é também a minha, ao encontrar-me aqui convosco em nome de Jesus Cristo, o Deus do amor, o Deus que realizou a paz através da sua cruz”. E disse: “Jesus conhece-vos e ama-vos; se permanecemos n’Ele, não devemos temer, porque, também para nós, cada cruz se há de transformar em ressurreição, cada tristeza em esperança, cada lamento em dança”. “Por isso”, acrescentou, “quero deter-me nas palavras de vida que Jesus nosso Senhor nos dirigiu hoje no Evangelho: ‘Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo’ (Mt 5, 13.14). Estas imagens, o que nos dizem a nós, discípulos de Jesus?”

As bem-aventuranças, o sal da vida

Em primeiro lugar, Francisco afirmou que todos que são discípulos de Jesus são sal da terra, pois o sal é o ingrediente invisível que dá gosto a tudo. “Por isso mesmo, desde a antiguidade, foi visto como símbolo da sabedoria, uma virtude que não se vê, mas que dá gosto à vida e sem ela a existência torna-se insípida, sem sabor”.

O Santo Padre frisou a sabedoria de Jesus quando afirmou que ele usou esta imagem do sal imediatamente depois de ter proclamado aos seus discípulos as Bem-aventuranças: compreendemos assim que são elas o sal da vida do cristão. E pede a todos para que se recordem bem: “Se pusermos em prática as Bem-aventuranças, daremos bom gosto não apenas à nossa vida mas também à sociedade, ao país onde vivemos”.

“Além de dar sabor”, continuou, “o sal tem outra função, que era essencial no tempo de Cristo: conservar os alimentos para não se corromperem estragando-se. Mas a Bíblia diz que havia um ‘alimento’, um bem essencial que se devia conservar antes de qualquer outro: a aliança com Deus”. Por conseguinte, o discípulo de Jesus, enquanto sal da terra, é testemunha da aliança que Ele realizou e nós celebramos em cada Missa: uma aliança nova, eterna, inquebrável. Prosseguindo sua homilia o Santo Padre disse aos presentes, “somos testemunhas desta maravilha”.

“Nós, que somos sal da terra, estamos chamados a testemunhar a aliança com Deus na alegria, com gratidão, mostrando que somos pessoas capazes de criar laços de amizade, viver em fraternidade, impedir que prevaleçam a corrupção do mal, a patologia das divisões, a sujeira dos negócios iníquos, a praga da injustiça”

Vós não sois pequenos e impotentes

O Pontífice agradeceu a todos por serem o “sal da terra neste país”. Entretanto, continuou: “vendo tantas feridas, as violências que alimentam o veneno do ódio, a iniquidade que causa miséria e pobreza, poder-vos-ia parecer que sois pequenos e impotentes”. Francisco chamou a atenção sobre este ponto afirmando: “Quando vos assaltar a tentação de vos sentirdes inadequados, procurai olhar para o sal e seus grãos minúsculos: é um pequeno ingrediente que, uma vez espalhado sobre a iguaria, desaparece, derrete-se, mas é justamente assim que dá sabor a todo o conteúdo”.

Os cristãos, apesar de ser frágeis e pequenos, mesmo quando suas forças parecem insignificantes se comparadas com a grandeza dos problemas e a fúria cega da violência, podem oferecer uma contribuição decisiva para mudar a história, destacou o Santo Padre.

O Papa sugeriu então que os cristãos comecem precisamente do pouco, do essencial, daquilo que não aparece nos livros de história, mas muda a história: “em nome de Jesus, das suas Bem-aventuranças, deponhamos as armas do ódio e da vingança para embraçar a oração e a caridade; superemos as antipatias e aversões que, com o passar do tempo, se tornaram crónicas e correm o risco de levar à contraposição de tribos e de etnias; aprendamos a colocar nas feridas o sal do perdão, que causa ardida mas cura”.

Vós sois a luz do mundo

Depois Francisco passou à segunda imagem usada por Jesus: “Vós sois a luz do mundo”. “Deus Pai enviou o seu Filho; é Ele a luz do mundo. Mas o próprio Jesus, luz do mundo, diz aos seus discípulos que também eles são luz do mundo. Isto significa que nós, acolhendo a luz de Cristo, a luz que é Cristo, tornamo-nos luminosos, irradiamos a luz de Deus”.

O Papa frisou então que o convite de Jesus para ser luz do mundo é claro: “nós, seus discípulos, somos chamados a refulgir como uma cidade situada no alto, como um candelabro cuja chama não deve ser apagada”. “A nós, pois, é-nos pedido para arder de amor”, prosseguiu, “não suceda que a nossa luz se apague, que desapareça da nossa vida o oxigênio da caridade, que as obras do mal tirem o ar puro ao nosso testemunho”. 

“Esta terra, tão bela e tão martirizada, precisa da luz que tem em cada um de vós, ou melhor, da luz que cada um de vós é”, sublinhou.

Por fim, o Santo Padre concluiu fazendo votos que todos sejam o sal que se espalha e derrete generosamente para dar sabor ao Sudão do Sul com o gosto fraterno do Evangelho; serem comunidades cristãs luminosas que lancem uma luz benéfica sobre todos e mostrem que é belo e possível viver a gratuidade, ter esperança, construir todos juntos um futuro reconciliado.

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