Das janelas do apartamento pontifício, Francisco trouxe a imagem de três dons vivenciados pelos Magos: o chamado, o discernimento e a surpresa
Ronnaldh Oliveira
Da redação
Nesta quinta-feira, 6, Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Francisco, após celebrar a Eucaristia na Basílica de São Pedro, dirigiu-se ao apartamento pontifício para a oração do Angelus junto dos milhares de fiéis presentes na praça vaticana.
O Santo Padre recordou que os Magos que chegaram até Jesus e ofereceram ao recém nascido ouro, incenso e mirra se tornaram famosos pelos presentes que deram. Entretanto, olhando para suas histórias, puderam receber três dons que servem também a todos os cristãos: o dom do chamado, o discernimento e a surpresa.
O dom do chamado
Francisco refletiu que os Magos não leram as escrituras ou tiveram uma visão de anjos, mas advertiram ao chamado enquanto estudavam os astros. “Isso nos diz algo importante: Deus nos chama por meio de nossas aspirações e maiores desejos. Os Magos deixaram-se maravilhar e incomodar pela novidade da estrela e partiram rumo ao que não conheciam. Cultos e sábios, fascinaram-se mais pelo que não sabiam do que pelo que sabiam”.
Olhando para cada cristão, o Papa ressaltou a importância de entender o chamado como uma oportunidade de ir além. “Somos chamados a não nos contentarmos, a buscar o Senhor saindo da nossa zona de conforto, caminhando em direção a Ele com os outros, mergulhando-nos na realidade. Porque Deus chama todos os dias, aqui e hoje, em nosso mundo”.
O dom do discernimento
Os Magos procuravam um rei e foram até Herodes, lembrou o Pontífice. Percebendo, na verdade, que Herodes queria usá-los para matar o Messias Menino e que tinha sede de poder, os Magos não se deixaram enganar. “Souberam fazer a distinção entre a meta do percurso destino e as tentações que encontram pelo caminho”.
“Como é importante saber distinguir a meta da vida das tentações do caminho! Saber renunciar àquilo que seduz, mas leva por um mau caminho, para entender e escolher os caminhos de Deus! O discernimento é um grande dom, e nunca se deve cansar de pedi-lo na oração. Peçamos esta graça!”
O dom da surpresa
Por fim, Francisco trouxe a imagem dos Magos que surpreendentemente encontraram uma criança com sua mãe. “Certamente uma cena terna, mas não surpreendente! Eles não veem os anjos como pastores, mas encontram Deus na pobreza. Talvez esperassem um Messias poderoso e prodigioso, e encontram uma criança”.
O Papa ainda afirmou que os Magos não pensam terem se enganado, souberam reconhecer e acolher a surpresa de Deus e viver o encontro com Ele, adorando-o e reconhecendo Deus na pequenez.
“Humanamente todos somos inclinados a buscar a grandeza, mas é um dom saber encontrá-la verdadeiramente: saber encontrar a grandeza na pequenez que Deus tanto ama. Porque o Senhor se encontra assim: na humildade, no silêncio, na adoração, nos pequenos e nos pobres.”
Antes de concluir a oração do Angelus, Francisco disse que todos somos chamados por Jesus e que podemos discernir a sua presença e experimentar suas surpresas.
“Hoje seria belo recordar estes dons, que já recebemos: recordar quando percebemos na vida um chamado de Deus; ou quando, talvez depois de tanto esforço, conseguimos discernir sua voz; ou ainda, a uma surpresa inesquecível que Ele nos fez, deixando-nos maravilhados.”