Mistério da encarnação

Papa na Missa de Natal: nesta noite, o amor muda a história

Na Missa do Galo, no Vaticano, Papa Francisco recordou a humildade e grande amor do Deus que se encarna para mudar a história

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco na Missa de Natal na Basílica de São Pedro / Foto: REUTERS/Remo Casilli

Uma recordação do amor de Deus pela humanidade, um Deus que nasce pequeno numa manjedoura para mudar a história. Em síntese, essa foi a mensagem do Papa Francisco na homilia da tradicional Missa do Galo, neste domingo, 24, celebrando o Natal do Senhor.

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.: Íntegra da homilia do Papa

A homilia do Pontífice partiu do relato bíblico do recenseamento de toda a terra, que foi o contexto em que Jesus nasceu e no qual se detém o Evangelho da celebração. Enquanto o imperador contava os habitantes, Deus entrou quase às escondidas. Mas não pune o recenseamento, ao contrário, deixa-se humildemente registrar. Aqui, o Papa começou a recordar a bondade e humildade de Deus.

“Não vemos um Deus irado que castiga, mas o Deus misericordioso que Se encarna, que entra, frágil, no mundo, precedido pelo anúncio «paz na terra aos homens» (Lc 2, 14). E, nesta noite, o nosso coração está em Belém, onde o Príncipe da Paz ainda é rejeitado pela lógica perdedora da guerra, com o estrondo das armas que ainda hoje O impede de encontrar alojamento no mundo”.

O Deus da encarnação

Ao passo que o recenseamento manifesta a trama dum mundo que procura o poder e a força, também nele sobressai o caminho de Jesus, que vem procurar pelo homem através da encarnação. Não é o deus da performance, mas o Deus da encarnação.

Francisco ressaltou que o Deus Menino se faz próximo para mudar a realidade a partir de dentro. Um Deus que nasceu para todos, durante o recenseamento de toda a terra.

“Olhemos, pois, para o «Deus vivo e verdadeiro» (1 Tes 1,9): Ele que está para além de todo o cálculo humano e, no entanto, deixa-Se recensear pelos nossos registros; Ele que revoluciona a história, habitando nela; Ele que nos respeita até ao ponto de nos permitir rejeitá-Lo; Ele que apaga o pecado assumindo a responsabilidade pelo mesmo, que não tira a dor, mas transforma-a, que não nos tira os problemas da vida, mas dá às nossas vidas uma esperança maior do que os problemas.”

O amor de Deus

O Papa considerou ainda que Deus deseja tanto abraçar a existência humana que, sendo infinito, se faz finito; sendo grande, se faz pequeno. E aqui está a maravilha do Natal: a inaudita ternura de Deus que salva o mundo encarnando-se.

O convite de Francisco é para que os fiéis se deixem surpreender por esse Deus feito carne, para quem cada pessoa é preciosa. “Irmão, irmã, para Deus, que mudou a história durante o recenseamento, tu não és um número, mas um rosto; o teu nome está escrito no seu coração.”

Porém, diante do mundo que julga e não perdoa, ao olhar para o próprio coração talvez a pessoa viva mal este Natal, com um sentimento de inadequação pelas próprias fragilidades, quedas e problemas.

“Mas hoje, por favor, deixa a iniciativa a Jesus, que te diz: «Por ti fiz-Me carne, por ti fiz-Me como tu». Por que motivo continuas na prisão das tuas tristezas? Como os pastores que deixaram os seus rebanhos, deixa o recinto das tuas melancolias e abraça a ternura do Deus Menino. Sem máscaras nem couraças, confia-Lhe as tuas canseiras, e Ele cuidará de ti.”

Adorar a Deus

Já no final da homilia, o Papa observou que, no episódio do recenseamento, enquanto muitas pessoas iam e vinham preocupadas com a contagem, enchendo hospedarias e pousadas, houve aqueles que estiveram junto de Jesus. Trata-se de Maria e José, os pastores, depois os magos. É preciso aprender com eles, disse o Papa: fixar o olhar em Jesus, com o coração voltado para Ele, adorá-Lo.

“A adoração é a forma de acolher a encarnação, porque é no silêncio que Jesus, Palavra do Pai, Se faz carne nas nossas vidas. Façamos nós também como se fez em Belém, que significa «casa do pão»: permaneçamos diante d’Ele, Pão de vida. Redescubramos a adoração, porque adorar não é perder tempo, mas permitir a Deus que habite o nosso tempo.”

E o Papa concluiu com uma oração: “Nesta noite, o amor muda a história. Fazei, Senhor, que acreditemos no poder do vosso amor, tão diverso do poder do mundo.”

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