Reflexões sobre discernimento

Papa na catequese: na desolação, encontrar o coração de Cristo

Os momentos de desolação fazem parte da vida e são também ocasião de crescimento, refletiu o Papa na catequese de hoje, no ciclo sobre discernimento

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa saúda fiéis na tradicional audiência geral / Foto: REUTERS/Remo Casilli

“Por que estamos desolados?”. Este foi o tema da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 16, dando sequência ao ciclo de reflexões sobre o discernimento. Francisco disse aos fiéis que não tenham medo da desolação, sabendo ver nela o coração de Cristo.

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O Pontífice ressaltou a importância de cada um “ler” o que acontece dentro de si, para não tomar decisões apressadas. Neste sentido, também o estado de desolação – quando tudo é triste e escuro – pode ser ocasião de crescimento.

“Se não houver um pouco de insatisfação, um pouco de tristeza saudável, uma capacidade salutar de habitar na solidão, de estar conosco próprios sem fugir, corremos o risco de permanecer sempre na superfície das coisas, sem nunca entrar em contato com o centro da nossa existência”.

“Trepidação da alma”

Francisco explicou que a desolação provoca uma “trepidação da alma”, gerando um estado de alerta que favorece a vigilância e a humildade. “São condições indispensáveis para o progresso na vida e, portanto, inclusive na vida espiritual.”

Não se pode ignorar os sentimentos, uma vez que estes fazem parte da humanidade, lembrou o Pontífice. A chamada “serenidade perfeita” não se alcança por meio da indiferença, como se se vivesse em um laboratório isolado. Aqui, ele trouxe o exemplo de tantos santos cuja inquietação foi um ponto decisivo para a mudança de vida.

“Não é boa esta serenidade artificial, mas é boa a saudável inquietude, o coração inquieto, o coração que procura encontrar caminhos. É o caso, por exemplo, de Agostinho de Hipona, ou de Edith Stein, ou de José Benedito Cottolengo ou de Charles de Foucauld. As escolhas importantes têm um preço que a vida apresenta, um preço acessível a todos: ou seja, as escolhas importantes não se vencem com a lotaria, não; têm um preço e deves pagar aquele preço.”

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Convite à gratuidade

A desolação é também um convite à gratuidade, pontuou o Papa. Segundo ele, estar desolado oferece a possibilidade de crescer, de começar uma relação com Deus e com os entes queridos que não se reduza a uma mera troca de dar e receber.

No Evangelho, por exemplo, frequentemente há relatos de Jesus cercado por pessoas que o procuravam para obter algo, não simplesmente para estar com Ele. Francisco destacou, então, que faz muito bem aprender a estar com Jesus sem outro objetivo. A vida espiritual é exatamente isso: uma relação com Deus.

“A desolação consiste em não sentir nada, tudo escuro: mas tu procuras Deus na desolação. (…) Não temais a desolação, levai-a avante com perseverança, não escapeis. E na desolação procurai encontrar o coração de Cristo, encontrar o Senhor. E a resposta chega, sempre.”

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