Na Catequese desta quarta-feira, 27, Francisco recordou que a pregação de São Paulo é totalmente centrada em Jesus e no seu mistério pascal
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas nesta quarta-feira, 27. A Audiência Geral aconteceu na Sala Paulo VI, no Vaticano. O tema foi: “O fruto do Espírito”.
“A pregação de São Paulo é totalmente centrada em Jesus e no seu mistério pascal. Aos Gálatas, tentados a basear a sua religiosidade na observância de preceitos e tradições, ele recorda o centro da salvação e da fé: a morte e ressurreição do Senhor”, sublinhou Francisco.
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Segundo o Papa, ainda hoje, muitos procuram a certeza religiosa em vez do Deus vivo e verdadeiro. Francisco afirmou que muitos concentrando-se em rituais e preceitos. Isso, em vez de abraçar o Deus do amor com todo o seu ser. O Pontífice destacou que esta é a tentação dos novos fundamentalistas, daqueles que têm medo de seguir adiante no caminho e voltam atrás porque se sentem inseguros.
“Buscam a segurança de Deus e não o Deus da segurança”, apontou. São Paulo, de acordo com o Santo Padre, pede aos Gálatas para que voltem ao essencial, ao Deus que dá a vida a homens e mulheres por meio de Cristo crucificado. Jesus testemunha isto em primeira pessoa: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
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Jesus Crucificado
Na sequência, o Pontífice fez a seguinte pergunta: “O que acontece quando encontramos Jesus Crucificado na oração? Acontece o que aconteceu sob a cruz: Jesus entrega o Espírito, ou seja, doa a sua própria vida. O Espírito, que flui da Páscoa de Jesus, é o princípio da vida espiritual. É Ele que muda o coração: não as nossas obras. É Ele que muda o coração, não as coisas que fazemos, mas a ação do Espírito Santo em nós! É ele quem guia a Igreja, e nós somos chamados a obedecer à sua ação, que vai para onde e como ele quiser”.
De acordo com Francisco, foi precisamente a constatação de que o Espírito Santo descia sobre todos e que a sua graça agia sem exclusão que convenceu também os mais relutantes dos Apóstolos de que o Evangelho de Jesus era destinado a todos e não a uns poucos privilegiados. Aqueles que procuram segurança, o pequeno grupo, disse o Santo Padre, se afastam do Espírito. Eles não deixam a liberdade do Espírito entrar neles. “Assim, a vida da comunidade regenera-se no Espírito Santo; e é sempre graças a Ele que alimentamos a nossa vida cristã e continuamos a nossa luta espiritual”.
Combate espiritual
O combate espiritual é outro grande ensinamento da Carta aos Gálatas, sublinhou. O Papa comentou que o Apóstolo apresenta duas frentes opostas: por um lado as ‘obras da carne’, por outro o ‘fruto do Espírito’. “Quais são as obras da carne?”, perguntou Francisco. “São comportamentos contrários ao Espírito de Deus. Carne é uma palavra que indica o homem na sua dimensão terrena, fechado em si mesmo, numa vida horizontal, onde os instintos mundanos são seguidos e a porta se fecha ao Espírito, que nos eleva e nos abre a Deus e aos outros”.
O Santo Padre frisou que a carne também lembra que tudo isto envelhece e passa, apodrece, enquanto o Espírito dá vida. Paulo enumera assim as obras da carne, recordou o Pontífice. Elas se referem ao uso egoísta da sexualidade, a práticas mágicas que são idolatrias e ao que mina as relações interpessoais, como ‘contendas, ciúmes, iras, rixas, discórdias, partidos…’. “Tudo isso é fruto da carne, de um comportamento apenas humano, doentiamente humano. Porque um ser humano tem seus valores, mas isso é doentiamente humano”, alertou.
O fruto do Espírito, ao contrário, é “caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança”. Os cristãos, que no batismo se revestiram “de Cristo”, são chamados a viver deste modo, exortou o Papa. Segundo ele, pode ser um bom exercício espiritual ler a lista de São Paulo e observar a própria conduta, para verificar se corresponde, se a nossa vida está verdadeiramente de acordo com o Espírito Santo, se dá estes frutos.
“Por exemplo, os três primeiros são amor, paz e alegria: por isto se reconhece se uma pessoa é habitada pelo Espírito. Uma pessoa que está em paz, que é alegre e ama. Com esses três traços, vemos o Espírito”, revelou.
Desafio para as comunidades
Francisco constatou que “este ensinamento do Apóstolo é um grande desafio para as nossas comunidades”. Por vezes, o Pontífice revelou que aqueles que se aproximam da Igreja têm a impressão de estarem perante uma grande quantidade de comandos e preceitos.
“Isto não é a Igreja, pode ser qualquer associação. Na realidade, a beleza da fé em Jesus Cristo não pode ser apreendida com base em demasiados mandamentos e numa visão moral que, desenvolvendo-se em muitas correntes, pode fazer-nos esquecer a fecundidade original do amor, alimentado pela oração que doa a paz e pelo testemunho jubiloso”.
Da mesma forma, o Santo Padre revelou que a vida do Espírito expressa nos sacramentos não pode ser abafada por uma burocracia que impede o acesso à graça do Espírito, autor da conversão do coração. “E quantas vezes nós padres ou bispos, fazemos tanta burocracia para dar um sacramento, para acolher as pessoas, e as pessoas dizem: ‘Não, eu não gosto disso’, e vão embora. Não veem em nós, muitas vezes, a força do Espírito que regenera, que nos faz novos”.
“Temos a grande responsabilidade de anunciar Cristo crucificado e ressuscitado, animados pelo sopro do Espírito de amor. Pois só este Amor tem o poder de atrair e mudar o coração do homem”, concluiu.
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Rumo à Cop26 e “Sim à vida”
Depois da catequese, o Papa saudou os peregrinos de língua inglesa, especialmente os jovens de vários países envolvidos na COP26 de Glasgow e grupos dos Estados Unidos.
“Sobre todos vocês e suas famílias invoco a alegria e a paz do Senhor”, disse Francisco.
Saudando os fiéis poloneses, o Santo Padre recordou que a pedido de uma fundação no país chamada “Sim à vida”, ele abençoou nesta quarta-feira os sinos com o nome “A voz dos nascituros”.
Eles têm como destino o Equador e a Ucrânia. Para essas nações e para todos, são um sinal de compromisso em favor da defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural. Que o seu som”, afirmou o Papa, “anuncie ao mundo o «Evangelho da vida», desperte a consciência dos homens e a memória dos nascituros. Confio à sua oração cada criança concebida, cuja vida é sagrada e inviolável.