Catequese

Papa incentiva oração diária: "A oração é escuta e encontro com Deus"

Catequese desta quarta-feira, 4, voltou a ser realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico por causa da pandemia e teve como tema: “Jesus, mestre de oração”

Da redação, com Vatican News 

Papa durante catequese realizada na biblioteca do Palácio Apostólico/ Foto: Vatican Media

Com o tema “Jesus, mestre de oração”, o Papa Francisco realizou a Audiência Geral desta quarta-feira , 4, na Biblioteca do Palácio Apostólico. O Santo Padre retomou as audiências gerais em sua biblioteca, depois da sinalização de um caso positivo de coronavírus durante a Audiência Geral de 21 de outubro, e para evitar qualquer risco para a saúde dos participantes.

“Infelizmente, voltamos a fazer a audiência na biblioteca, para nos defender do contágio da covid. Isso nos ensina que devemos estar atentos às prescrições das  autoridades, sejam as autoridades políticas e sejam as autoridades de saúde, a fim de nos defender dessa epidemia. Ofereçamos ao Senhor essa distância entre nós para o bem de todos. Pensemos nos doentes, naqueles que entram como descartados. Pensemos nos médicos, enfermeiros, enfermeiras, voluntários, a todos aqueles que trabalham com os doentes nesse momento, que arriscam a vida e o fazem por amor à sua vocação, por amor ao próximo. Rezemos por eles. Obrigado”.

No início de sua catequese, o Pontífice recordou que, durante a vida pública, Jesus recorreu constantemente ao poder da oração. Mesmo em momentos de maior dedicação aos pobres e aos doentes, Jesus nunca negligenciava o seu diálogo íntimo com o Pai, reforçou. Segundo o Papa, quanto mais Jesus estava imerso nas necessidades do povo, mais sentia a necessidade de descansar na Comunhão trinitária. Francisco afirmou que na vida de Jesus existe um segredo, escondido aos olhos humanos, que representa o ponto fulcral de tudo.

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“A oração de Jesus é uma realidade misteriosa, da qual só intuímos algo, mas que permite ler toda a sua missão na justa perspectiva. Naquelas horas solitárias, antes do amanhecer ou de madrugada, Jesus mergulha na sua intimidade com o Pai, ou seja, no Amor do qual toda a alma tem sede. É isso que sobressai dos primeiros dias do seu ministério público. Jesus vai sempre além, vai além na oração com o Pai, vai além nos povoados, a outros horizontes a fim de pregar a outros povos”.

A oração é o leme que guia a rota de Jesus, destacou o Santo Padre. Não é o sucesso, não é o consentimento, não é a frase sedutora “todos te procuram”, que ditam as etapas da missão de Jesus, mas sim o modo menos confortável que traça o caminho de Cristo, mas que obedece à inspiração do Pai, que Jesus ouve e acolhe na sua prece solitária, refletiu Francisco. A partir do exemplo de Jesus, o Papa destaca que homens e mulheres podem obter algumas caraterísticas da oração cristã, colocando-a como primeiro desejo do dia, algo que  se pratica ao amanhecer, antes que o mundo desperte.

Segundo o Pontífice, um dia vivido sem oração corre o risco de se transformar numa experiência aborrecida ou tediosa: “tudo o que nos acontece poderia transformar-se para nós num destino mal suportado e cego. Jesus, ao contrário, educa a obediência à realidade e, portanto, à escuta”. Em seguida, o Santo Padre acrescentou:

“A oração é, antes de mais nada, escuta e encontro com Deus. Os problemas da vida cotidiana não se tornam obstáculos, mas apelos do próprio Deus a ouvir e encontrar quantos estão à nossa frente. Assim, as provações da vida transformam-se em ocasiões para crescer na fé e na caridade. O caminho diário, incluindo as dificuldades, adquire a perspectiva de uma “vocação”. A oração tem o poder de transformar em bem o que de outra forma seria uma condenação na vida; tem o poder de abrir um grande horizonte para a mente e de alargar o coração”.

A segunda característica, aponta o Papa, é que a oração é uma arte a praticar com insistência. De acordo com Francisco, todos são capazes de orações episódicas, que nascem da emoção de um momento, mas Jesus educa a outro tipo de oração: aquela que conhece uma disciplina, um exercício, e é assumida no âmbito de uma regra de vida. A oração perseverante produz uma transformação progressiva, fortalece em tempos de tribulação, concede a graça de amparar homens e mulheres por Aquele que os ama e os protege sempre.

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A terceira caraterística da oração de Jesus é a solidão, disse o Pontífice. “Quem reza não foge do mundo, mas prefere lugares desertos. Ali, no silêncio, podem surgir muitas vozes que escondemos no íntimo: os desejos mais afastados, as verdades que nos obstinamos a sufocar. E, acima de tudo, Deus fala no silêncio. Cada pessoa precisa de um espaço para si, onde cultivar a sua vida interior, onde as ações têm sentido. Sem vida interior tornamo-nos superficiais, agitados, ansiosos; a ansiedade nos faz mal. Devemos buscar a oração. Sem vida interior fugimos da realidade e também fugimos de nós mesmos. Somos homens e mulheres em fuga sempre.”

A quarta característica da oração de Jesus é que ela é o lugar onde percebe-se que tudo vem de Deus e para Ele retorna. Segundo o Santo Padre, por vezes os seres humanos acreditam que são senhores de tudo ou, caso contrário, perdem toda a autoestima. Vão de um lugar para outro. A oração ajuda a encontrar a correta dimensão na relação com Deus, que é Pai, e com toda a criação, apontou o Papa.

Por fim, Francisco afirmou que a oração de Jesus é abandonar-se nas mãos do Pai. Como Jesus no Horto das Oliveiras, naquela angústia: “Pai, se é possível que isso passe. Mas seja feita a tua vontade”. “O abandono nas mãos do Pai. É bonito quando estamos agitados e buscamos a oração e o Espírito Santo nos transforma por dentro e nos faz abandonar nas mãos do Pai. Pai, que seja feita a tua vontade”, concluiu.

 

 

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