Durante o compromisso deste sábado, 13, Francisco dirigiu seu pensamento “afetuoso, grato e admirador” ao Papa emérito
Da redação, com Vatican News
Após a pausa do ano passado, devido à pandemia, foi retomado o encontro anual promovido pela Fundação Vaticana Joseph Ratzinger-Bento XVI com a entrega do Prêmio Ratzinger. O Papa Francisco aproveitou a oportunidade para saudar e falar com estima e carinho de seu predecessor. “Um exemplo de dedicação apaixonada ao estudo e à pesquisa” que sempre uniu “sua fé e seu serviço à Igreja”, frisou.
Francisco cumprimentou com prazer a professora Hanna-Barbara Gerl-Falkovitz e o professor Ludger Schwienhorst-Schönberger. Ambos foram premiados este ano, assim como os professores Jean-Luc Marion e a professora Tracey Rowland, premiados em 2020, juntamente com outras personalidades premiadas em anos anteriores.
É um “vínculo duradouro” e “uma relação fecunda” que a iniciativa estabeleceu, disse o Papa, entre a Igreja e o mundo da cultura. A comunidade de premiados cresce a cada ano em número, origem e variedade de disciplinas, observou o Pontífice.
O Santo Padre disse também que a capacidade da mente humana “é o efeito da ‘centelha’ acesa por Deus na pessoa feita à sua imagem” que a impulsiona continuamente “a expressar a vitalidade do espírito na formação e transfiguração da matéria”. Mas reconhece, isto não é feito sem esforço:
“A Escritura nos fala da criação de Deus como “trabalho”. Portanto, prestamos homenagem não apenas à profundidade do pensamento e dos escritos, ou à beleza das obras artísticas, mas também ao trabalho gasto generosa e apaixonadamente durante tantos anos, a fim de enriquecer a imensa herança humana e espiritual a ser compartilhada. É um serviço inestimável para a elevação do espírito e da dignidade da pessoa, para a qualidade das relações na comunidade humana e para a fecundidade da missão da Igreja”.
Entre os grandes mestres o pensamento de Joseph Ratzinger
A apresentação das obras dos premiados, continuou o Papa Francisco, deu a oportunidade de observar as “correntes do espírito” da filosofia à religião, à fenomenologia do ser, e a evocação dos nomes de muitos “grandes mestres da filosofia e da teologia de nosso tempo”, interlocutores de suas pesquisas, tais como Guardini, De Lubac, Edith Stein, Lévinas, Riceuur e Derrida, até McIntyre. “Educam-nos a pensar para viver nossa relação com Deus e com os outros cada vez mais profundamente, para orientar a ação humana com virtude e sobretudo com amor”.
O Pontífice continuou: “Entre estes mestres uno um teólogo que foi capaz de abrir e alimentar sua reflexão e seu diálogo cultural em todas estas direções juntas, porque a fé e a Igreja vivem em nosso tempo e são amigas de toda busca pela verdade. Falo de Joseph Ratzinger”.
Reconhecimento e estima pelo predecessor
Francisco ressaltou que o momento era de reforçar mais uma vez o pensamento afetuoso, grato e admirador pelo Papa emérito. O Santo Padre recordou o encontro deles por ocasião do 70º aniversário de sua ordenação sacerdotal:
“Sentimos que ele nos acompanha com a oração, mantendo seu olhar continuamente voltado para o horizonte de Deus. Basta olhar para ele para perceber isto. Hoje agradecemos-lhe em particular porque foi também um exemplo de dedicação apaixonada ao estudo, à pesquisa, à comunicação escrita e oral; e porque ele sempre uniu plena e harmoniosamente a sua pesquisa cultural com a sua fé e o seu serviço à Igreja”.
O testemunho de uma busca contínua do rosto de Deus
O Papa recordou o compromisso de Ratzinger com o estudo e a escrita. Este compromisso continuou durante seu pontificado para completar a trilogia sobre Jesus “e assim nos deixar um testemunho pessoal único de sua constante busca pelo rosto do Senhor”. De seus escritos, observou, nos sentimos “inspirados e encorajados, e lhe asseguramos nossa recordação para o Senhor”:
“Como sabemos, as palavras da Terceira Carta de João: “cooperatores veritatis” são o lema que ele escolheu quando se tornou Arcebispo de Munique. Elas expressam o fio condutor das diferentes etapas de sua vida, desde seus estudos ao seu ensino acadêmico, ao ministério episcopal, ao serviço à Doutrina da Fé – à qual foi chamado por São João Paulo II 40 anos atrás – até seu Pontificado, caracterizado por um magistério luminoso e um amor infalível pela Verdade”.
O lema ‘cooperatores veritatis’ continua a inspirar o compromisso dos estudiosos premiados pela Fundação Ratzinger. Francisco concluiu afirmando que essas palavras ‘podem e devem inspirar cada um de nós em nosso trabalho e em nossas vidas’.