Por meio de Carta Apostólica, Francisco estabeleceu que o III Domingo do Tempo Comum será dedicado à Palavra de Deus
Da redação, com Vatican News
A Santa Sé publicou, nesta segunda-feira, 30, a Carta Apostólica do Papa Francisco, na forma de Motu Proprio, que institui o Domingo da Palavra de Deus. No texto, o Santo Padre escreve: “Estabeleço que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”.
O Pontífice prosseguiu no documento: “Este Domingo da Palavra de Deus colocar-se-á, assim, num momento propício daquele período do ano em que somos convidados a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos.Não se trata de mera coincidência temporal: a celebração do Domingo da Palavra de Deus expressa uma valência ecumênica, porque a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida”.
“Aperuit illis” (Abriu-lhes) é o nome da Carta Apostólica, e faz referência ao trecho do livro bíblico de São Lucas: “Abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc 24, 45). “Trata-se de um dos últimos gestos realizados pelo Senhor ressuscitado, antes da sua Ascensão. Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras”, comentou o Papa.
Íntegra
.: Carta Apostólica “Aperuit illis”
Segundo Francisco, a relação entre o Ressuscitado, a comunidade dos crentes e a Sagrada Escritura é extremamente vital para a identidade cristã: “Sem a Sagrada Escritura, permanecem indecifráveis os acontecimentos da missão de Jesus e da sua Igreja no mundo”, escreveu. O Papa citou São Jerônimo: “A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (Commentarii in Isaiam, Prologus: PL 24, 17).
A ideia de um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, surgiu no Jubileu Extraordinário da Misericórdia. “A dedicação dum domingo do Ano Litúrgico particularmente à Palavra de Deus permite, antes de mais nada, fazer a Igreja reviver o gesto do Ressuscitado que abre, também para nós, o tesouro da sua Palavra, para podermos ser no mundo, arautos desta riqueza inexaurível”, observou.
O Santo Padre destacou: “Com esta Carta, pretendo dar resposta a muitos pedidos que me chegaram da parte do povo de Deus no sentido de se poder celebrar o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igreja e com unidade de intenções. (…) Nas diversas Igrejas locais, há uma riqueza de iniciativas que torna a Sagrada Escritura cada vez mais acessível aos crentes para os fazerem sentir-se agradecidos por tão grande dom, comprometidos a vivê-lo no dia a dia e responsáveis por testemunhá-lo com coerência”.
Orientações
O Papa afirmou que as comunidades deverão encontrar a forma de viver este Domingo como um dia solene, com a entronização do texto sagrado, de modo a tornar evidente o valor normativo que possui a Palavra de Deus. “Neste Domingo, em particular, será útil colocar em evidência a sua proclamação e adaptar a homilia para se pôr em destaque o serviço que se presta à Palavra do Senhor”.
Aos bispos, o Pontífice concedeu a possibilidade de celebrarem o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. “De fato, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada, tal como já acontece habitualmente com os acólitos ou os ministros extraordinários da comunhão”, reiterou.
Da mesma maneira, Francisco frisou que os padres poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina