Às vésperas dos 60 anos do Tratado de Roma, Papa se encontrou com chefes de Estado e de Governo da União Europeia
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco recebeu nesta sexta-feira, 24, no Vaticano, os chefes de Estado e de governo da União Europeia. O encontro aconteceu às vésperas do 60º aniversário da assinatura dos tratados que instituíram a Comunidade Econômica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atômica.
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.: Íntegra do discurso
A primeira parte do discurso foi dedicada aos pais fundadores da Europa, para mostrar a atualidade do seu pensamento e o compromisso pelo bem comum. O Santo Padre destacou que nos últimos 60 anos o mundo mudou e hoje é marcado pelo conceito de crise: crise econômica, crise da família, crise das instituições, crise dos migrantes. Mas o Papa levou um olhar de esperança também para este conceito.
“Tantas crises que ocultam o medo e o extravio profundo do homem contemporâneo, que exige uma nova hermenêutica para o futuro. Entretanto, o termo “crise” não tem, por si, uma conotação negativa. Não indica apenas um triste momento, que deve ser superado. A palavra crise tem origem no verbo grego crino (κρίνω), que significa investigar, avaliar, julgar. Este, portanto, é um tempo de discernimento, que nos convida a avaliar o essencial e a construir sobre ele: logo, é um tempo de desafios e de oportunidades”.
Francisco pontuou que cabe aos governantes discernir os caminhos da esperança, identificar os percursos concretos para que os passos significativos dados até hoje não se dispersem, mas sejam penhor de um caminho longo e frutuoso. “A Europa reencontra esperança quando o homem é o centro e o coração das instituições (…) Hoje, a União Europeia precisa redescobrir o sentido de ser antes de tudo ‘comunidade’ de pessoas e de povos conscientes de que ‘o todo é mais do que a parte, e é também mais do que sua simples soma’”.
No discurso o Santo Padre defendeu ainda os ideais de unidade, solidariedade e, uma vez mais, da cultura do encontro, aberta ao diálogo, ao outro. “A abertura ao mundo implica a capacidade de ‘diálogo como forma de encontro’ em todos os níveis, a começar por aquele entre os Estados membros e entre as Instituições e os cidadãos, até aquele com os numerosos imigrantes que chegam às costas da União. Não se pode limitar em administrar a grave crise migratória destes anos como se fosse somente um problema numérico, econômico ou de segurança.
Francisco concluiu assegurando aos líderes a proximidade da Santa Sé e de toda a Igreja na Europa, invocando sobre o continente a benção do Senhor, para que a proteja e lhe dê paz e progresso.