Após seu discurso do Angelus de domingo, o Papa Francisco apela ao diálogo na Terra Santa e pediu orações pela Ucrânia devastada pela guerra
Da redação, com Vatican News
Preocupado com a espiral de violência no Oriente Médio, logo após rezar o Angelus, o Papa voltou a fazer um apelo pela retomada do diálogo entre Israel e Palestina.
Soube com dor que novamente foi derramado sangue na Terra Santa. Faço votos que as autoridades israelenses e palestinas possam retomar o diálogo direto, a fim de acabar com a espiral de violência e abrir caminhos de reconciliação e de paz.
Incursão militar no campo de refugiados de Jenin
De fato, os últimos dias foram marcados por uma exasperação da violência na região. Uma operação do exército de Israel no campo de refugiados de Jenin deixou mais de 100 civis feridos, desalojou milhares de residentes, danificou escolas e hospitais e interrompeu as redes de água e eletricidade. O Estado de Israel também foi criticado por impedir que os feridos recebam assistência médica e que os trabalhadores humanitários cheguem a todos os necessitados. A ofensiva de dois dias de Israel destinada a reprimir os militantes palestinos destruiu as estradas e becos estreitos do campo de Jenin, forçou milhares de pessoas a fugir de suas casas e matou 12 palestinos. Um soldado israelense também foi morto.
No sábado, 8, o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, pediu ao secretário-geral Antonio Guterres para retirar sua condenação do país pelo uso excessivo da força em sua maior operação militar em duas décadas visando um campo de refugiados na Cisjordânia. O vice-porta-voz da ONU, Farhan Haq, disse que o secretário-geral transmitiu seus pontos de vista na quinta-feira “e ele mantém esses pontos de vista”.
O Conselho de Segurança da ONU discutiu a operação militar de Israel em Jenin a portas fechadas na sexta-feira a pedido dos Emirados Árabes Unidos. O embaixador de Israel Gilad Erdan enviou uma carta aos 15 membros do conselho e a Guterres antes da reunião do conselho dizendo que, no ano passado, 52 israelenses foram mortos por palestinos e muitos ataques foram realizados a partir de Jenin ou daquela área. “A comunidade internacional e o Conselho de Segurança devem condenar incondicionalmente os últimos ataques terroristas palestinos e responsabilizar a liderança palestina”, disse ele. O Conselho de Segurança não tomou nenhuma atitude.
Neste contexto de violência, dois foguetes foram disparados do sul do Líbano em direção a Israel na quinta-feira, provocando ataques transfronteiriços pelos militares israelenses, disseram fontes de ambos os lados. O incidente ocorreu em meio ao aumento das tensões árabe-israelenses depois da incursão militar de Israel, uma das maiores do últimos tempos, na Cisjordânia ocupada, visando o campo de Jenin, um reduto de militantes palestinos.
Violência no setor árabe de Israel
Por outro lado, a violência dentro do setor árabe de Israel continua a aumentar. Na madrugada deste domingo um jovem de 23 anos foi baleado várias vezes do lado de fora de uma padaria em Nazaré, uma cidade de maioria árabe no norte de Israel.
O tiroteio, segundo a investigação preliminar da Polícia, está relacionado com uma disputa entre grupos criminosos árabes, que se proliferaram nos últimos anos devido ao abandono político sofrido pela minoria árabe do país, que representa 21% da população. Cerca de 116 árabes foram mortos em circunstâncias violentas dentro da comunidade desde o início do ano. Do total de mortes neste ano, 104 foram por armas de fogo e 67 tinham menos de 30 anos.
Muitos líderes comunitários culpam a polícia, que falhou em reprimir poderosas organizações criminosas e ignora a violência; mas eles apontam décadas de negligência, abandono e discriminação por parte dos órgãos do governo como a raiz do problema.
Protestos contra reforma judicial
Mais de 150 mil israelenses protestaram contra a reforma judicial do governo em manifestações semanais que acontecem todos os sábados, enquanto grupos contrários a este polêmico plano que minaria a divisão de poderes em Israel convocaram grandes protestos e um “dia de resistência” para o dia 11.