Pontífice surgiu na Praça São Pedro no fim da celebração por ocasião do Jubileu dos Enfermos e o Mundo da Saúde neste domingo 6, e agradeceu fiéis
Da Redação, com Vatican News

Papa Francisco acena para fiéis na Praça São Pedro em aparição surpresa / Foto: Alessia Giuliani/IPA/Sipa USA via Reuters Connect
O Papa Francisco fez uma aparição surpresa na Praça São Pedro, ao final da Missa por ocasião do Jubileu dos Enfermos e o Mundo da Saúde, neste domingo, 6.
O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, Dom Rino Fisichella presidiu a celebração, proferindo inclusive a homilia preparada pelo Pontífice. No início de sua fala, ele destacou que o Santo Padre, como tantos doentes, acompanhava a Missa pela televisão a poucos metros de onde os fiéis estavam reunidos, em seu quarto na Casa Santa Marta.
Contudo, após a comunhão, Francisco surgiu na Praça São Pedro em sua cadeira de rodas e usando as cânulas nasais que o auxiliam na respiração. Os fiéis o acolheram calorosamente, surpresos com a presença do Papa.
Depois de ser cumprimentado por Dom Fisichella e este dar a bênção final e encerrar a celebração, o Pontífice se dirigiu aos fiéis reunidos. “Bom domingo a todos! Muito obrigado”, foram as breves palavras proferidas pelo Santo Padre, com sua voz ainda rouca, antes de deixar a Praça São Pedro e retornar aos seus aposentos.
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Ao final de sua participação, foi lida uma mensagem de agradecimento. A Santa Sé informou ainda que, antes de saudar os fiéis, Francisco participou da peregrinação jubilar: “recebeu o sacramento da reconciliação na Basílica de São Pedro, recolheu-se em oração e passou pela Porta Santa”, detalhou o comunicado.
“Deus não nos deixa sozinhos”

Dom Rino Fisichella lê homilia preparada pelo Papa Francisco / Foto: Leonardo Vieira
Na homilia preparada pelo Papa Francisco, Dom Fisichella refletiu sobre a promessa de Deus proclamada pelo profeta Isaías que se dirige ao povo de Israel exilado na Babilônia assegurando-lhe realizar algo de novo (Is 43,16-21) e o trecho do Evangelho em que Jesus entra na vida da pecadora que está para ser apedrejada, defendendo-a e resgatando-a da violência de seus carrascos (Jo 8,1-11).
Em ambos os casos, nos quais tudo parece perdido, Deus dá a possibilidade de começar de novo. “A liturgia de hoje convida-nos a renovar, no caminho quaresmal, a confiança em Deus, que está sempre ao nosso lado para nos salvar”, afirmou o arcebispo. “Não há exílio, nem violência, nem pecado, nem qualquer outra realidade da vida que o impeça de estar à nossa porta e bater, pronto a entrar logo que lho permitamos”, acrescentou.
O pró-prefeito reconheceu que a doença é uma das provas mais difíceis e duras da vida, revelando a fragilidade humana. “Tal como aconteceu com o povo exilado ou a mulher do Evangelho, ela pode levar a fazer-nos sentir privados de esperança no futuro. Mas não acontece assim”, frisou.
“Deus não nos deixa sozinhos”, prosseguiu Dom Fisichella, “e, se nos abandonarmos a Ele, precisamente onde as nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da sua presença”. Fazendo-Se homem, o próprio Deus quis partilhar a fraqueza humana em tudo e sabe bem o que é o sofrimento. Por isso, “podemos dizer-Lhe e confiar-Lhe a nossa dor, certos de que encontraremos compaixão, proximidade e ternura”.
Renovar continuamente a vida

Fiéis reunidos na Praça São Pedro para participar da Missa / Foto: Leonardo Vieira
Voltando-se para os profissionais de saúde, o arcebispo indicou que Deus os oferece a oportunidade de renovar continuamente a vida, alimentando-a com gratidão, misericórdia e esperança.
“Ele chama-vos a iluminá-la com a consciência humilde de que nada está garantido e tudo é dom de Deus; e a alimentá-la com aquela humanidade que se experimenta quando, deixadas por terra as aparências, permanece o que conta: os pequenos e grandes gestos de amor. Permiti que a presença dos doentes entre na vossa existência como um dom, para curar o vosso coração, purificando-o de tudo o que não é caridade e aquecendo-o com o fogo ardente e doce da compaixão”, declarou.
Por fim, o pró-prefeito também proferiu as palavras do Papa aos doentes. “Neste momento da minha vida”, expressou Francisco no texto, “estou a partilhar muito: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio”.
“Nem sempre é fácil”, prosseguiu o Pontífice, “mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir”.