Papa ressaltou que o trabalho infantil é um flagelo que fere o desenvolvimento harmonioso das crianças
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta terça-feira, 2, ao diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, por ocasião do encontro global sobre a Eliminação do Trabalho Infantil na Agricultura.
O encontro se realiza na sede da FAO, em Roma, promovido em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a fim de chamar a atenção para um fenômeno cada vez mais preocupante, segundo estimativas recentes dos dois organismos internacionais.
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A pandemia aumentou o trabalho infantil
“Quando se manifesta como exploração, o trabalho infantil torna-se um flagelo que fere cruelmente a existência digna e o desenvolvimento harmonioso das crianças, limitando consideravelmente suas oportunidades de futuro, pois reduz e fere suas vidas a fim de satisfazer as necessidades produtivas e lucrativas dos adultos”, ressalta o Papa na mensagem assinada pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
Segundo Francisco, “as conotações negativas desse drama foram exacerbadas pela pandemia, que levou um número crescente de menores a abandonar a escola para cair nas garras dessa forma de escravidão”. Para muitas crianças, “não ir à escola significa não só perder oportunidades que as habilitem a enfrentar os desafios da vida adulta, mas também adoecer, ou seja, serem privadas do direito à saúde, por causa das condições precárias em que têm de cumprir as tarefas que vilmente lhes são exigidas”.
No setor agrícola, a emergência é ainda mais alarmante. “Milhares de crianças são obrigadas a trabalhar incansavelmente, em condições extenuantes, precárias e degradantes, sofrendo maus-tratos, abusos e discriminação. A situação chega ao ápice da desolação, quando os próprios pais são obrigados a mandar seus filhos para trabalhar, porque sem sua contribuição não podem sustentar a família”, ressalta o Papa.
Investir na proteção das crianças
O Santo Padre espera que possa “sair um grito forte deste encontro que exorte os organismos internacionais e nacionais competentes a defenderem a serenidade e a felicidade das crianças. O investimento mais rentável que a humanidade pode fazer é a proteção das crianças! Proteger as crianças significa respeitar o seu crescimento, permitir que estes frágeis rebentos tenham as condições adequadas para se abrirem e florescerem. Proteger as crianças também requer medidas incisivas para ajudar as famílias dos pequenos agricultores, para que não sejam obrigadas a mandar seus filhos para o campo, a fim de aumentar sua renda e manter com dignidade suas casas. Proteger as crianças significa agir para que se abram horizontes diante delas, configurando-as como cidadãos livres, honestos e solidários”.
Por fim, Francisco recorda que “é necessário multiplicar as pessoas e as associações que se esforçam a fim de que o desejo de lucro excessivo, que condena as crianças e os jovens ao jugo brutal da exploração do trabalho, dê lugar à lógica do cuidado. Nesse sentido, é necessária uma obra de denúncia, educação, conscientização e convicção para que quem não tem escrúpulos de escravizar a infância com fardos insuportáveis veja mais longe e mais fundo, superando o egoísmo e a ânsia de consumir compulsivamente, devorando o planeta e esquecendo que seus recursos devem ser preservados para as gerações futuras”.