Francisco abandonou discurso pronto para dizer aos trabalhadores palavras que lhe vieram ao coração
Jéssica Marçal
Da Redação
O Papa Francisco visita neste domingo, 22, a diocese de Cagliari, na região italiana de Sardenha. Após ser recebido por autoridades no aeroporto, o Santo Padre teve como primeira atividade um encontro com os trabalhadores.
Francisco havia preparado um discurso, mas olhando para os trabalhadores resolveu dizer as palavras que lhe vieram ao coração. “Entregarei ao bispo as palavras escritas como se tivessem sido ditas. Mas preferi dizer-vos aquilo que me vem ao coração olhando para vocês neste momento”.
O Papa explicou que seu objetivo com o encontro foi exprimir sua proximidade aos trabalhadores, especialmente nas situações de sofrimento, como a de jovens desempregados. Ele contou que sabe bem o que é esta experiência, pois seu pai foi para a Argentina cheio de ilusões, mas sofreu a crise dos anos 30.
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“Eu ouvi, na minha infância dentro de casa, este sofrimento, falar deste sofrimento. Conheço bem isto! Mas devo dizer uma coisa a vocês: Coragem!”.
O Santo Padre recordou sua visita a Lampedusa e disse que em ambas as cidades ele encontrou sofrimento pela falta de trabalho, o que acaba por roubar a esperança e fazer com que a pessoa se sinta sem dignidade. “Onde não há trabalho, falta dignidade”.
Esta é uma realidade em vários lugares do mundo e que, segundo explicou o Papa, é consequência de uma escolha mundial, de um sistema econômico que tem como ídolo o dinheiro. Ele lembrou, então, que a vontade de Deus foi colocar no centro do mundo não um ídolo, mas o homem e a mulher que, com seu trabalho, levassem o mundo adiante.
“Para defender este sistema econômico idolátrico, se instaura a ‘cultura do descartável’: se descartam os avós e se descartam os jovens’. E devemos dizer ‘não’ a esta ‘cultura do descartável’. (…) No centro devem estar o homem e a mulher, como Deus quer, e não o dinheiro!”.
E a todos os presentes, os que têm e os que não têm trabalho, Francisco fez um pedido: “Não deixem roubar a esperança! A esperança nos leva adiante”.
O Papa encerrou o encontro com uma oração conjunta com os trabalhadores. Entre outras palavras, ele pediu: “Senhor, não nos deixe sós, Ajuda-nos a ajudar-nos entre nós; que esqueçamos um pouco o egoísmo e ouçamos no coração o ‘nós’, nós povo que quer seguir adiante”.
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