No Angelus deste domingo, 12, Francisco afirma que celebrar a Santíssima Trindade não é tanto um exercício teológico, mas uma revolução no modo de vida
Da redação, com Vatican News
“Que Nossa Senhora, filha do Pai, mãe do Filho e esposa do Espírito, nos ajude a acolher e testemunhar na vida o mistério de Deus-Amor”. Foi o pedido do Papa Francisco ao rezar o Angelus ao meio-dia deste domingo, 12, Solenidade da Santíssima Trindade.
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Na alocução que precedeu a oração mariana, o Santo Padre ateve-se ao Evangelho do dia (Jo 16, 12-15), em que Jesus apresenta as outras duas Pessoas divinas: o Pai e o Espírito Santo.
Sobre o Espírito, o Pontífice recorda que Jesus diz: “Não falará de si mesmo, mas receberá o que é meu e vos anunciará”. E depois, a respeito do Pai, Ele diz: “Tudo o que o Pai tem é meu”.
Espírito Santo fala, mas não de si mesmo
O Papa observa que o Espírito Santo fala, mas não de si mesmo: anuncia Jesus e revela o Pai. E que o Pai, o qual possui tudo, porque é a origem de todas as coisas, dá ao Filho tudo o que possui: não guarda nada para si mesmo e se dá inteiramente ao Filho.
Francisco exorta os católicos a olharem para si, para aquilo de que falam e para o que possuem. “Quando falamos, queremos sempre que se fale bem de nós, e muitas vezes falamos apenas de nós mesmos e do que fazemos. Quão diferente do Espírito Santo, que fala anunciando os outros! E, sobre o que possuímos, como somos ciumentos disso e como é difícil para nós compartilhá-lo com os outros, mesmo com aqueles que não têm o necessário! Em palavras, é fácil, mas na prática é muito difícil”, ressalta.
Celebrar Trindade, uma revolução em nosso modo de vida
O Santo Padre destaca que celebrar a Santíssima Trindade não é tanto um exercício teológico, mas uma revolução no modo de vida.
“Deus, em quem cada Pessoa vive para o outro, não para si mesmo, nos provoca a viver com os outros e para os outros. Hoje podemos nos perguntar se nossa vida reflete o Deus em que acreditamos: eu, que professo a fé em Deus Pai e Filho e Espírito Santo, realmente acredito que para viver preciso dos outros, preciso me doar aos outros, preciso servir aos outros? Afirmo isto com palavras ou com a vida?”
O Pontífice reforça que Deus deve ser mostrado com ações antes das palavras. “O Deus trino e único, queridos irmãos e irmãs, deve ser mostrado assim, com ações antes das palavras. Deus, que é o autor da vida, é transmitido menos através dos livros e mais através do testemunho de vida.”
Aquele que, como escreve o evangelista João, “é amor” (1 João 4,16), revela-se através do amor. Pensemos nas pessoas boas, generosas e mansas que conhecemos: lembrando sua maneira de pensar e agir, podemos ter um pequeno reflexo de Deus Amor. E o que significa amar? – perguntou Francisco. “Não apenas querer o bem e fazer o bem, mas antes de tudo, na raiz, acolher os outros, dar lugar aos outros, dar espaço aos outros”.
A Trindade, em cada nome há a presença do outro
Para entender melhor isto, disse o Papa, é preciso pensar nos nomes das Pessoas divinas, que todos pronunciam cada vez que fazem o sinal da cruz: em cada nome há a presença do outro.
“O Pai, por exemplo, não o seria sem o Filho; da mesma forma, o Filho não pode ser pensado sozinho, mas sempre como o Filho do Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, é o Espírito do Pai e do Filho. Em resumo, a Trindade nos ensina que nunca se pode ficar sem o outro. Não somos ilhas, estamos no mundo para viver à imagem de Deus: abertos, necessitados dos outros e necessitados de ajudar os outros”, reflete.
Então, Francisco pediu que todos façam esta última pergunta: na vida cotidiana sou também eu um reflexo da Trindade? O sinal da cruz que faço todos os dias permanece um gesto finalizado a si mesmo, ou inspira minha maneira de falar, de encontrar, de responder, de julgar, de perdoar? Após o Angelus, o Santo Padre concede a todos a sua Bênção apostólica.