Deus ama habitar entre nós, não se retrai diante das nossas fragilidades, disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
“O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Essa frase da oração do Angelus foi o centro da reflexão do Papa Francisco na oração mariana deste domingo, 2, na Praça São Pedro. A partir da encarnação, Deus veio habitar em meio ao homem e está próximo de todas as suas realidades, lembrou o Pontífice.
Essas duas palavras – Verbo e carne – contém um paradoxo, observou o Papa. O “Verbo” indica que Jesus é a Palavra eterna do Pai, infinita, que existe antes de todas as coisas criadas. Já “carne” indica a nossa realidade criada, frágil, limitada e mortal. Com essa polaridade, o Evangelho anuncia o modo de agir de Deus.
“Diante da nossa fragilidade, o Senhor não se retrai. Não permanece na sua eternidade abençoada e na sua luz infinita, mas se faz próximo, se faz carne, desce às trevas, habita terras que lhe são estranhas (…) Esta é a obra de Deus: vir no meio a nós”.
Muitas vezes, observou o Papa, as pessoas se afastam de Deus porque pensam não serem dignas Dele ou por algum motivo. Isso é verdade, mas o Natal convida a ver as coisas do ponto de vista de Deus, explicou.
“Deus deseja encarnar-se. Se o teu coração te parece muito poluído pelo mal, desordenado, não se feche, não tenha medo. Pense no estábulo de Belém. Jesus nasceu ali, naquela pobreza, para dizer-te que não tem medo de visitar o teu coração, de habitar em uma vida desordenada. Habitar. É esse o verbo usado hoje pelo Evangelho: exprime uma partilha total, uma grande intimidade. É isso que Deus quer.”
Dar espaço a Deus nos “estábulos interiores”
Francisco convidou os fiéis a pensarem se dão espaço para Deus em suas vidas, não com palavras, mas de forma concreta. Talvez haja aspectos da vida que as pessoas guardam para si, lugares interiores onde temem que o Evangelho entre. Mas nestes dias natalícios, fará bem acolher o Senhor justamente ali. E uma indicação do Papa para fazê-lo é parar diante do presépio: este mostra que Jesus veio habitar a nossa vida concreta, onde há problemas, e espera que nós lhe apresentemos aquilo que vivemos.
“Diante do presépio, conversemos com Jesus sobre nossos acontecimentos concretos. Vamos convidá-lo oficialmente para a nossa vida, sobretudo nas áreas escuras, nos nossos ‘estábulos interiores’. E contemos a Ele sem medo também os problemas sociais e eclesiais do nosso tempo, porque Deus ama habitar entre nós.”
O Pontífice concluiu sua reflexão pedindo o auxílio de Maria: “Que a Mãe de Deus, na qual o Verbo se fez carne, nos ajude a cultivar uma intimidade maior com o Senhor.”