O atual Movimento teve início com “Maria Motta, uma mulher cega, mas muito corajosa, natural da cidade de Rosário, na Argentina
Da redação, com VaticanNews
O Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado, 17, na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 400 Sócios do Movimento Apostólico para Cegos por ocasião dos 90 anos de nascimento da sua Associação. O Papa iniciou seu discurso, aos numerosos presentes, recordando as origens desta Associação.
Fundadora Maria Motta
O atual Movimento teve início com “Maria Motta, uma mulher cega, mas muito corajosa, natural da cidade de Rosário, na Argentina. Ao voltar para Itália com seus pais, dedicou-se, com paixão humana e cristã, ao ensino, mas não foi suficiente. Em 1928, criou uma Comunidade espiritual para os Cegos – como uma já existente na França – segundo o modelo do Apostolado da Oração. Daquela pequena semente desenvolveu-se uma Associação, que se espalhou pelo território italiano, aprovada pelo Papa São João XXIII”. E Francisco explicou:
“De maneira profética, a sua fundadora quis reunir os cegos do seu tempo, para que pudessem se encontrar e se ajudar mutuamente. A sua presença, desde os primeiros anos, fortificou o Movimento. Maria Motta queria formar pessoas autônomas e capazes de testemunhar a fé através da sua deficiência. Hoje, vocês estão fortemente unidos em um único ideal de partilha e promoção da pessoa com deficiência, por causa da amizade natural cristã, que caracteriza seu percurso de fé”.
Neste sentido, o Papa reiterou que “a melhor resposta para oferecer à nossa sociedade que, às vezes, tende marginalizar as pessoas com deficiência física, é a arma do amor, não falso, brega e pietista, mas real, concreto e respeitoso”. E acrescentou:
Partilha entre os cegos
“É motivo de alegria, para a comunidade eclesial, saber que vocês, ainda hoje, como verdadeiros discípulos missionários do Evangelho, estão abertos às necessidades dos mais pobres e sofredores do mundo. Desta forma, vocês responde, com coragem, ao convite de Jesus: “Estava doente e me visitastes”. O seu Movimento completa também 50 anos de atividades nos países pobres do hemisfério sul, onde os cegos são mais numerosos e vivem em condições ainda é muito difícil”.
No decorrer destes 90 anos de vida, afirmou o Papa, o Movimento Apostólico pode compreender melhor o carisma específico que lhe foi confiado na Igreja. Trata-se de um carisma composto, essencialmente, de dois elementos: a partilha entre os cegos, como fruto da solidariedade, em vista de um fecundo processo de inclusão eclesial e social; e a escolha dos pobres, que é própria da Igreja. E, referindo-se à preciosa obra deste Movimento, Francisco ponderou:
Promoção humana
“Assim, vocês cooperam com o crescimento de uma Igreja pobre para os pobres, sabendo que eles têm muito a nos ensinar; colocá-los ao centro das suas atividades é um meio privilegiado de evangelização. Seu compromisso concreto de ajudar e apoiar os pobres os torna protagonistas na obra de evangelização da Igreja entre os excluídos. Vocês são chamados a descobrir Cristo na pessoa deles, dando-lhes voz e alegria de viver”.
O Santo Padre concluiu seu discurso, dizendo que, “ao longo destes anos, o Movimento Apostólico para os Cegos assumiu, com generosidade, o compromisso da promoção humana, mediante a solidariedade, com os cegos dos países mais pobres, a cooperação com os missionários e profissionais no campo da saúde, da educação e da integração social e a cultura do acolhimento”.