Discurso a diplomatas

Papa condena “loucura homicida” do fundamentalismo

Discurso anual ao Corpo Diplomático na Santa Sé sublinha importância do diálogo entre religiões e condena fundamentalismo

Agência Ecclesia

Diplomatas junto à Santa Sé acompanham discurso do Papa Francisco / Foto: Reprodução CTV

Diplomatas junto à Santa Sé acompanham discurso do Papa Francisco / Foto: Reprodução CTV

O Papa Francisco condenou a “loucura homicida” dos fundamentalistas, visível em recentes atentados. Este foi um dos pontos fortes do discurso do Santo Padre aos membros do Corpo Diplomático junto à Santa Sé nesta segunda-feira, 9, ocasião em que ele reforçou a necessidade de dialogar com as religiões.

No seu discurso anual aos representantes de mais de 180 nações e organizações, Francisco desafiou as autoridades religiosas a manter-se unidas para afirmar que nunca se pode matar em nome de Deus. “Trata-se duma loucura homicida que, na tentativa de afirmar uma vontade de predomínio e poder, abusa do nome de Deus para semear morte”, denunciou.

O Papa admitiu que, infelizmente, a experiência religiosa tem sido usada como pretexto de marginalizações e violências, referindo-se particularmente ao “terrorismo de matriz fundamentalista”.

O discurso recordou as vítimas de atentados no Afeganistão, Bangladesh, Bélgica, Burquina Faso, Egito, França, Alemanha, Jordânia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Estados Unidos da América, Tunísia e Turquia.

“São gestos vis, que usam as crianças para matar, como na Nigéria; tomam de mira quem reza, como na catedral copta do Cairo, quem viaja ou trabalha como em Bruxelas, quem passeia pelas ruas da cidade, como em Nice e Berlim, ou simplesmente quem festeja a chegada do Ano Novo, como em Istambul”, lamentou.

O Papa sustentou que o terrorismo fundamentalista é fruto de uma “grave miséria espiritual”, que muitas vezes aparece associada também à “pobreza social”. “Isto só poderá ser plenamente vencido apenas com a colaboração conjunta dos líderes religiosos e dos líderes políticos”, assinalou.

Francisco recordou o Dia Mundial de Oração pela Paz, realizada em Assis no último mês de setembro, no qual se encontraram os representantes das diferentes religiões para dar voz em conjunto a quantos sofrem, a quantos se encontram sem voz e sem escuta. “Sabemos que não têm faltado violências por motivação religiosa, a começar precisamente pela Europa, onde históricas divisões entre os cristãos já perduram há demasiado tempo”, acrescentou.

Diálogo entre religiões

O Papa falou do caminho ecumênico como um diálogo possível e necessário, já visível no trabalho conjunto, por vezes mesmo com o sacrifício dos mártires, em áreas como a educação e a assistência sanitária, especialmente nas regiões mais desfavorecidas e nos cenários de conflito.

A intervenção aludiu ainda à iniciativa do Conselho da Europa sobre a dimensão religiosa do diálogo intercultural, que em 2016 se debruçou sobre o papel da educação na prevenção da radicalização que conduz ao terrorismo e ao extremismo violento.

“Trata-se duma oportunidade para aprofundar a contribuição do fenômeno religioso e o papel da educação para uma verdadeira pacificação do tecido social, necessária para a convivência numa sociedade multicultural”, afirmou Francisco.

O encontro aconteceu na Sala Régia do Palácio Apostólico do Vaticano e começou com uma saudação do decano do corpo diplomático, Armindo Fernandes do Espírito Santo Vieira, embaixador de Angola.

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