Papa Francisco falou aos membros do departamento vaticano para a comunicação, que encerram hoje sua assembleia dedicada ao tema da sinodalidade
Da Redação, com Vatican News
O Papa Francisco exorta o departamento vaticano para a Comunicação a seguir adiante de maneira firme e profética. Neste sábado, 12, concluindo os compromissos de sua agenda, ele recebeu em audiência os participantes da plenária do dicastério dedicada ao tema “Sínodo e comunicação: um percurso a desenvolver”.
Francisco preferiu falar de modo espontâneo aos presentes. Ressaltou que Comunicação é conexão humana, não é “filosofia do autofalante”, ou um papagaio que só vai. Assim, a comunicação deve ter dois caminhos, ida e volta. Trata-se de um diálogo, um movimento e um desafio, pois deve ter como base uma inquietação comunicativa.
“O comunicador deve sempre arriscar! Comunicação é movimento criativo e com os nossos valores! Não é rezar a novena, mas os valores cristãos! Arriscar com valores cristãos.”
A sinodalidade
No discurso entregue ao prefeito do organismo, Paolo Rufini, a sinodalidade foi o tema central. O Pontífice reiterou que o Sínodo não é um simples exercício de comunicação, nem mesmo a tentativa de repensar a Igreja com a lógica das maiorias e das minorias que devem chegar a um acordo. “Este tipo de visão é mundana”, alertou o Papa, afirmando que a essência do percurso sinodal é ouvir, entender e colocar em prática a vontade de Deus.
“Sem o caminhar juntos, podemos nos tornar simplesmente uma instituição religiosa, que porém perdeu a capacidade de fazer resplandecer a luz da mensagem do Mestre, perdeu a capacidade de levar sabor às vicissitudes do mundo.”
A reflexão sobre a sinodalidade, explicou o Papa, tem a intenção de fazer emergir com força algo que, de maneira implícita, a Igreja sempre acreditou. A contribuição da comunicação é justamente tornar possível esta dimensão de comunhão, a capacidade relacional, a vocação aos elos. Francisco definiu a comunicação como o “artesanato das relações”, em que a voz de Deus ressoa, favorecendo a proximidade, dando voz a quem é excluído.
Três pistas para reflexão
Como possíveis pistas para um futuro caminho de reflexão nesta área, Francisco indicou três pontos. O primeiro deles foi que a primeira tarefa da comunicação é tornar as pessoas menos sós. Logo, se a comunicação não tem esta capacidade, é somente entretenimento, não “artesanato de relações”, como ele disse anteriormente.
O segundo ponto é dar voz a quem não a tem, consciente de que a tarefa da Igreja é estar com os últimos e seu “habitat natural” são as periferias existenciais, situações de marginalidade devido a falências familiares ou pessoais. “Jesus nunca ignorou os ‘irregulares’ de qualquer gênero.”
Por fim, o terceiro desafio é educar para a “fadiga do comunicar”, isto é, para o natural dissenso e divergência dos interlocutores. “A comunicação deve tornar possível também a diversidade de visões, buscando sempre, todavia, preservar a unidade e a verdade, e combatendo calúnias, violências verbais, personalismos e fundamentalismos que, com a desculpa de serem fiéis à verdade, espalham somente divisão e discórdia. Se ceder a essas degenerações, a comunicação, ao invés de fazer tanto bem, acaba por fazer muito mal.”
O Papa concluiu encorajando a missão do dicastério. “Servir a Igreja significa ser confiáveis e também corajosos em ousar novos caminhos. Neste sentido, sejam sempre confiáveis e corajosos.”