A Bem-Aventurada Virgem Maria é “nossa mãe” e “advogada” que “desata os nós”, e “celebrá-la é celebrar a ternura de Deus”, sublinhou Francisco durante encontro no Vaticano com a Confraria de Nossa Senhora de Montserrat no 800º aniversário da sua fundação
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu, na manhã deste sábado, 7, no Pátio São Dâmaso do Vaticano, cerca de 800 membros da Confraria de Nossa Senhora de Montserrat, por ocasião dos seus 800 anos de fundação.
Em sua saudação aos numerosos presentes, o Santo Padre expressou sua satisfação por esta peregrinação realizar-se no dia da festa da nossa Mãe celeste, sob o título de Nossa Senhora do Rosário: “Celebrar Maria é celebrar a proximidade e a ternura de Deus, no meio de seu povo, que não nos deixa sozinhos, mas que nos deu uma Mãe, que cuida de nós e nos acompanha”. E o Papa acrescentou:
“Vocês vieram a Roma como peregrinos para celebrar e dar graças ao Senhor por esta presença tão próxima de Maria, que, há 800 anos, os acompanha no caminho da vida cristã. Invoquemos a imagem da Virgem de Montserrat, a Virgem morena ou “Moreninha”, sentada, segurando o Menino nos braços. A Mãe de Deus traz, em sua mão direita, uma esfera, que representa o universo. Logo, ela é a “Rainha e Senhora de toda a criação”.
A dupla vocação de Maria de ser Mãe de Deus e nossa Mãe, disse o Papa, ajuda-nos a refletir sobre o lema que vocês escolheram para esta peregrinação: “Piedade popular, amizade social e fraternidade universal”. E explicou: “Sabemos que a devoção mariana é muito significativa nas manifestações de piedade do santo povo fiel de Deus”.
Nestes 800 anos da presença mariana em Montserrat, exclamou Francisco, quantos fiéis visitaram seu santuário, rezaram o rosário e pediram à Moreninha, com humildade e simplicidade, sua intercessão por si e por seus entes queridos! Quantas expressões de carinho filial, de súplicas e ações de graças!
Quando o Povo de Deus vai visitar sua Mãe, – continuou o Papa improvisando – “ele se expressa, se expressa de uma forma que talvez não faça tanto em outros tipos de oração. Diante da Mãe, os sentimentos mais nobres de uma pessoa são despertados. E quando Maria ouve nossas orações, ela faz esse gesto, que é o gesto mais mariano”. Ela aponta para Jesus: “Façam tudo o que ele lhes disser”. Esse é o típico gesto mariano. Não, ela não faz assim. Ele não faz assim, não. Ela aponta o caminho e fala com seu Filho para que ele entenda.
E acrescentou:
“A força evangelizadora da piedade popular cria condições favoráveis para aumentar e fortalecer os laços de amizade e fraternidade entre os povos. Neste sentido, a devoção mariana tem um lugar privilegiado: Maria, nossa advogada, é mediadora nos conflitos e problemas, como aconteceu nas Bodas de Caná. Ela nos ajuda a ‘desatar os nós’, que surgem em nós e entre nós”.
Isso significa, afirmou ainda Francisco, que Maria também abre o caminho da amizade entre os povos e nos convida a voltar o olhar para as origens e meta da nossa existência, “Jesus Cristo”. Ela nos encoraja a seguir o seu exemplo, trilhando os caminhos da paz, da bondade, da escuta e do diálogo paciente e confiante. E o Papa concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs. A Virgem de Montserrat, com o globo nas mãos, nos convida a viver esta fraternidade universal, sem fronteiras e sem exclusões, que dissipa as trevas de um ambiente fechado. Ela zelou não apenas de Jesus, mas também de todos os seus descendentes. Com a força do Ressuscitado, ela contribui para a construção de um mundo novo, onde todos sejam irmãos, onde cada excluído tenha seu lugar nas nossas sociedades e onde brilhem a justiça e a paz”.
Para ela — disse ainda o Papa — “não há descarte, ela é a Mãe dos descartados, daqueles que descartamos, porque ela vai até lá buscá-los. Ela não conhece a atitude de descartar ninguém. E, por ser Mãe, sabe ouvir tantas coisas, tantos pedidos, mesmo quando vêm de um coração duplo, de um coração que não é coerente consigo mesmo, um coração injusto que faz mal. Ela ouve, ouve os pedidos, ouve os pedidos, ouve os pedidos. Ela ouve, ouve também o filho criminoso”.
Ao se despedir do numeroso grupo de peregrinos da Confraria, Francisco exortou: “Como é bom refletir sobre estes temas e poder viver juntos a alegria de anunciar Jesus, que Maria segura em suas mãos, pois ela é a Mãe do Evangelho vivo e Estrela da nova evangelização. Encorajo-os a continuar esta missão, que é um dom e uma tarefa”.