Francisco indicou projetos sociais, apoio familiar, reabilitação das vítimas e educação
Da Redação, com Rádio Vaticano
No final da manhã desta quinta-feira, 24, o Papa Francisco foi até a Casina Pio IV, nos Jardins Vaticanos, para se reunir com os participantes de um Congresso Internacional sobre Narcóticos.
Em seu discurso, o Pontífice definiu a droga uma “ferida” da sociedade e a dependência química como uma nova forma de escravidão.
“É evidente que não existe uma única causa que leva à dependência da droga, mas são muitos os fatores que influenciam: a ausência da família, a pressão social, a propaganda dos traficantes, o desejo de viver novas experiências, etc”.”
O Papa, recordou que cada dependente carrega uma história pessoal e que não se pode cair na injustiça de classificá-los como objetos.
“Não é de se estranhar que tanta gente caia na dependência da droga, pois a mundanidade nos oferece um amplo leque de possibilidades para alcançar uma felicidade efêmera, que, ao final, se converte em veneno, que corrói, corrompe e mata. A pessoa começa a se destruir e, com ela, todos a seu redor. O desejo inicial de fuga se transforma na devastação da pessoa na sua integridade, repercutindo em todas as camadas sociais.”
Sistema mafioso
Neste contexto, o Papa acrescentou que é importante conhecer qual é o alcance do problema da droga e, sobretudo, a vastidão de seus centros de produção e de seu sistema de distribuição.
“Sabemos que representa uma parte importante do crime organizado, porém se deveria identificar o modo de controlar os circuitos de corrupção e as formas de lavagem de dinheiro. Não há outro caminho senão desconstruir cadeia, que vai desde o comércio de drogas em pequena escala até as formas mais sofisticadas que se aninham no capital financeiro e nos bancos que se dedicam à lavagem de dinheiro sujo”.
Francisco denunciou o sistema mafioso utilizado pelos carteis de droga, matando não só fisicamente a pessoa, mas também socialmente.
Prevenção é o caminho
Para Francisco, são necessários grandes esforços para deter a demanda do consumo de drogas, como projetos sociais, apoio familiar, reabilitação das vítimas e, sobretudo, a educação.
“A prevenção é o caminho prioritário”, afirmou, pois a formação humana integral oferece à pessoa a possibilidade de ter instrumentos de discernimento. O Pontífice lamentou que existem poucos projetos governamentais com êxito dedicados à prevenção e recordou como, em 30 anos, o seu país, a Argentina, passou de consumidor, local de trânsito a produtor de drogas.
O Papa concluiu exortando os participantes a prosseguirem em seu trabalho, concretizando as iniciativas que empreendem a serviço dos que mais sofrem.
Encontro Internacional
A Pontifícia Academia das Ciências convidou no Vaticano especialistas, acadêmicos, médicos e membros da sociedade civil para debater principalmente o aspecto científico da droga, apresentando as consequências de seu abuso no corpo e no cérebro, assim como explorando os possíveis usos medicinais de certas substâncias para curar enfermidades e transtornos específicos.
Em dois dias de reunião, 23 e 24, foram considerados também outros aspectos, como a produção ilícita, as estratégias para combater o uso, a exploração de crianças nas organizações criminosas e os efeitos da legalização das chamadas drogas leves.