Em audiência com sacerdotes que estudam em Roma, Francisco destacou três aspectos essenciais da vocação sacerdotal: amor, oferta e humildade
Da redação, com Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 4, o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, os sacerdotes dos Colégios Pio Brasileiro, Pio Latino-Americano e Mexicano. Grande parte dos padres são estudantes, enviados por suas dioceses ou institutos religiosos, para cursos, mestrados e doutorados nas universidades pontifícias de Roma.
O encontro com o Santo Padre foi ainda mais significativo para os 100 membros do Colégio Pio Brasileiro, que nesta semana celebrou seus 90 anos de fundação.
Ao iniciar a audiência, o Pontífice optou por entregar o discurso preparado aos presentes. No texto, o Papa compartilha sua reflexão sobre um tema central na vida dos sacerdotes, o Amor, destacando-o como o elemento primordial da vocação.
Francisco enfatiza que todo chamado tem suas raízes no amor divino, no qual Deus, em sua infinita bondade, escolhe seus filhos para um propósito específico, o serviço ao próximo: “Como todo homem, Deus nos chamou para sermos seus filhos e, entre eles, confiou-nos uma tarefa específica que nos aproxima mais dele: doar-nos pelos outros. São eles a nossa razão de ser, o objetivo de nosso amor, pois neles realizamos esse serviço que o Senhor nos pede.”
Antes de tudo, a oração
O discurso prossegue instruindo os sacerdotes sobre a essência do serviço sacerdotal e ressalta a importância da oração como um meio essencial para permanecer em união com Deus e com aqueles a quem foram chamados a servir:
“Todo homem, toda mulher, toda criança se apresenta aos meus olhos como membro daquele corpo místico cuja cabeça é Cristo. Agir in persona Christi é ser um verdadeiro ícone de Jesus, é fazer de mim ‘Verônica’ de cada rosto, de cada lágrima. Como? Enxugando-as com minhas vestes sacerdotais. Em primeiro lugar, com a oração, apresentando cada situação concreta à presença de Deus: ‘Senhor, aquele que tu amas está sofrendo’ (cf. Jo 11,3).”
Ao abordar a necessidade de uma entrega total ao serviço de Deus e do próximo, o Papa sublinha no texto a renúncia de si mesmo como uma parte do chamado sacerdotal, que se realiza através da oferta oblativa e eucarística:
“Quando Jesus nos diz: ‘Podeis beber o cálice que eu vou beber?’ (Mt 20,22), Ele não busca uma mera disponibilidade teórica para o martírio, mas uma aceitação radical do fato de que estamos aqui para fazer a vontade dele e renunciar à nossa própria. Nossos estudos, nosso trabalho e nosso descanso, cada decisão, tanto vital quanto cotidiana, tudo está em função desse serviço.”
A importância da humildade
A humildade também está presente na mensagem de Francisco como uma virtude fundamental para os sacerdotes: “não subestime o poder da intercessão daqueles que Deus colocou em seu caminho: seus formadores, seus colegas sacerdotes, as pessoas próximas a você. Em poucas palavras, confiem nas orações de todos os membros do povo fiel de Deus.”
Na conclusão do texto, o Papa, além de encorajar os sacerdotes em sua missão, pede orações e concede sua bênção: “Não se esqueçam de rezar por seus Pastores e por mim. Que Jesus vos abençoe e que Nossa Senhora de Guadalupe, Imperatriz da América, vos guarde. Muito obrigado.”
“Um pedacinho do Brasil em Roma”
O Colégio Pio Brasileiro está comemorando o 90º aniversário de sua fundação com diversas iniciativas. Na tarde de quarta-feira, 03 de abril, foi celebrada a Santa Missa na capela do Colégio pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. [Clique para rever esta celebração]
O Colégio, que ao longo dos anos acolheu milhares de seminaristas, sacerdotes e bispos provenientes das dioceses do Brasil, tem sua origem no Natal de 1927, quando os bispos enviaram ao clero e aos fiéis do Brasil uma Carta Pastoral Coletiva, apresentando as razões que justificavam a construção de um colégio próprio, em Roma, e, ao mesmo tempo, lançavam uma Campanha Nacional para recolhimento de fundos, a fim de realizar o ambicioso projeto.
Em 1929, foi lançada a primeira pedra, iniciando-se a construção do edifício. Cinco anos mais tarde, a 03 de abril de 1934, celebrou-se sua inauguração. A turma fundadora, formada por 34 padres e seminaristas, saiu do Pio Latino. Como no Colégio anterior, também aqui a direção coube aos jesuítas. São João Paulo II, durante uma visita ao Colégio Pio Brasileiro, o definiu como “um pedacinho do Brasil em Roma”.
Em 2014, um importante acontecimento marcou a vida do Pontifício Colégio Pio Brasileiro: a transferência, em 30 de setembro, da direção do Colégio, até aquele momento sob a responsabilidade da Companhia de Jesus, para uma equipe de presbíteros diocesanos, escolhidos pela CNBB.