Na nova sede da Conferência Episcopal da Indonésia, o Papa se reuniu com uma centena de pessoas doentes, deficientes e pobres assistidos por várias organizações de caridade
Da redação, com Vatican News
“Vocês são pequenas estrelas brilhantes no céu deste arquipélago, os membros mais preciosos desta Igreja”. É assim que o Papa Francisco, com delicadeza e proximidade, saudou uma centena de doentes, pessoas com deficiência e pobres assistidos pelas realidades caritativas da Igreja na Indonésia, no final da manhã desta quinta-feira, 5, em Jacarta, na nova sede da Conferência Episcopal.
O Pontífice parabenizou Mikahil, um jovem com autismo leve que foi selecionado no contingente de Jacarta Oriental para os Jogos Paraolímpicos de Natação, e pediu aplausos para todos. “Somos chamados, todos juntos, a nos tornarmos campeões do amor nas grandes Olimpíadas da vida”, disse. Em seguida, desejou felicidades a uma mãe idosa “que não pôde vir, ela está de cama, mas hoje completa 87 anos” e para ela também pediu aplausos, apontando para a cadeira de rodas na primeira fila, com a foto da mulher.
Necessidades das periferias
Momentos de um encontro que durou menos de uma hora, após a longa etapa inter-religiosa na mesquita de Jacarta. O Papa chegou às 10h45, em Jacarta, e foi recebido pelo presidente da Conferência Episcopal da Indonésia, Dom Antonius Franciskus Subianto Bunyamin, de Bandung, e pelo cardeal Ignatius Suharyo.
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Na nova sede, no centro de Jacarta, Dom Subianto saudou o Pontífice e o lembrou de que sua vida e seu trabalho refletem a compaixão de Jesus, especialmente por meio de seu cuidado para com os pobres, fracos, marginalizados e sofredores. Ele acrescentou que, para celebrar o 100º aniversário da Conferência dos Bispos Católicos da Indonésia, a Igreja local está se concentrando nas necessidades daqueles que estão nas periferias.
Testemunho de Mimi
Ao lado do bispo, Mimi Lusli, que perdeu a visão aos 17 anos, contou ter encontrado o conforto na Via-sacra, onde conheceu Jesus. “Não me abandonou, mas me ensinou a navegar pela vida sem minha visão física”, partilhou.
Ela afirmou que Jesus é o “farol de esperança” e diz ter certeza de que “Deus criou os seres humanos com capacidades únicas para enriquecer a diversidade do nosso mundo, e a deficiência é apenas um desses aspectos únicos”. Por fim, enfatizou que o papel da Igreja é crucial para garantir a dignidade da pessoa humana e, portanto, como católicos, todos devem assumir a responsabilidade e apoiar ativamente os direitos dos deficientes. A presença e a compaixão do Papa, concluiu, “nos asseguram que nunca seremos esquecidos”.
História de Mikail
Mikail Andrew Nathaniel, de 18 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro do autismo e deficiência intelectual leve. Ele tenta falar sem ler o discurso preparado, mas, depois, pede ajuda com as anotações preparadas. Ele contou para Francisco que seus pais o amam incondicionalmente e oferecem o melhor terapeuta e especialista da cidade.
Mikail quer ser uma pessoa independente, portanto, além de ser selecionado no contingente de Jacarta Oriental para os Jogos Paraolímpicos de Natação, ele disse que está fazendo um curso de barman e está tomando aulas de violão e bateria.
Riqueza da diversidade
Em sua saudação, Francisco enfatizou que é muito bonito que os bispos indonésios tenham escolhido celebrar o 100º aniversário de sua Conferência Nacional com os doentes, as pessoas com deficiência e os pobres. Ele afirmou concordar plenamente com o que Mimi disse: “Deus criou os seres humanos com capacidades únicas para enriquecer a diversidade do nosso mundo”.
“E ela mesma nos mostrou isso ao falar maravilhosamente de Jesus, ‘nosso farol de esperança’. E obrigado por isso. Enfrentar as dificuldades juntos, todos dando o melhor de nós, cada um trazendo sua contribuição única, nos enriquece e nos ajuda a descobrir, dia após dia, o quanto é valioso estarmos juntos, no mundo, na Igreja, na família”, salientou.
Importância do amor recíproco
O Pontífice destacou que todos precisam uns dos outros e isso não é uma coisa ruim: “isso nos ajuda, de fato, a entender, cada vez melhor, que o amor é a coisa mais importante em nossa existência, a perceber quantas pessoas boas existem ao nosso redor”. Em seguida, ele lembra o quanto o Senhor ama a todos, além de todas as limitações e dificuldades. Cada um é único aos Seus olhos, aos olhos do Senhor, e Ele nunca se esquece de ninguém, nunca, garantiu o Papa. Lembrar disso, prosseguiu, ajuda a manter viva a esperança e a fazer da vida um presente para os outros.
O encontro terminou com a oração recitada pelo bispo responsável pela Comissão Litúrgica, o carmelita Henricus Pidyarto. “Ofereças ao teu povo uma compaixão sem limites”, recitou o prelado, “para que eles possam reconhecê-lo como um Pai que nos ama incondicionalmente. Vem misericordiosamente em nosso auxílio, te pedimos, para que, recebendo de ti a alegria do Evangelho, possamos servir nossos irmãos e irmãs fracos, marginalizados, sofredores, deficientes, doentes e abandonados”.
O Pontífice doou à Conferência Episcopal da Indonésia um grande ícone da Virgem “Portaitissa”, uma representação especial da Virgem Maria “Odighitria” – que, em grego, significa “Aquela que mostra o caminho” – e que, tradicionalmente, mostra Maria segurando o Menino Jesus com o braço esquerdo, apontando para ele com a mão direita. E antes de deixar o Henry Soetio Hall, assinou a placa de mármore da sede da Conferência Episcopal. Em seguida, cumprimentou e abençoou pessoalmente todos os presentes.