Nesta quarta-feira, 19, Francisco dissertou sobre o acontecimento de Pentecostes e falou da linguagem universal da verdade e do amor
Da redação, com Vatican News
A Praça São Pedro, aquecida pelo calor do verão e lotada de fiéis, turistas, peregrinos e romanos, foi o palco da audiência geral do Papa nesta quarta-feira, 19. Depois de dar uma longa volta com o papamóvel saudando de perto as pessoas, Francisco proferiu uma catequese baseada no relato de Pentecostes.
Cinquenta dias depois da Páscoa, os Apóstolos, reunidos em oração no Cenáculo de Jerusalém, vivenciaram uma experiência muito além de suas expectativas: experimentaram a irrupção de Deus, afirmou o Pontífice sobre o acontecimento de Pentecostes.
O Santo Padre recordou que de repente veio do céu um ruído como de um vento forte e apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. “Ao vento somou-se então o fogo, que na tradição bíblica, acompanha a manifestação de Deus. É a expressão simbólica de sua obra de aquecer, iluminar e tocar os corações e seu cuidado com as obras humanas”, completou.
A palavra dos Apóstolos ficou, de acordo com Francisco, impregnada do Espírito do Ressuscitado e se tornou uma palavra nova e diferente, mas que pode ser compreendida como se fosse traduzida simultaneamente em todas as línguas: de fato, cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. “Trata-se da linguagem da verdade e do amor, que é universal: mesmo os analfabetos podem compreendê-la. Todos entendem a linguagem da verdade e do amor. Se você usar a verdade, a sinceridade e o amor, todos entendem, até um gesto amoroso…”, frisou.
O Papa deu uma explicação bastante clara deste fenômeno: o Espírito Santo não se manifesta apenas mediante uma sinfonia de sons que une e compõe harmonicamente as diversidades, mas é também o maestro de uma orquestra que executa partituras das grandes obras de Deus. O Espírito Santo é o artífice da comunhão, o artista da reconciliação que sabe remover as barreiras entre judeus e gregos, escravos e libertos, e fazer deles um único corpo.
“Então Pedro intervém em nome de todos os Apóstolos, definindo o ocorrido como a ‘sóbria embriaguez do Espírito’, que acende no povo a profecia com sonhos e visões. E este é um dom de todos os que invocam o nome do Senhor”, assegurou o Pontífice. A palavra de Pedro, frágil e capaz até de renegar o Senhor, quando fica permeada pelo fogo do Espírito ganha força, torna-se capaz de tocar os corações e movê-los à conversão, sublinhou o Santo Padre.
Francisco explica que em Pentecostes, a Aliança nova e definitiva está fundada, já não sobre uma lei escrita em tábuas de pedra, mas na ação do Espírito de Deus. “O Espírito opera a atração divina: Deus nos seduz com seu Amor e assim nos envolve, para mover a história e iniciar processos através dos quais filtra a vida nova”, destacou o Papa.
“Só o Espírito de Deus tem o poder de humanizar e confraternizar cada contexto, a partir de quem o recebe. Peçamos ao Senhor que nos faça experimentar um novo Pentecostes, que abra os nossos corações e sintonize os nossos sentimentos com os de Cristo, para que possamos anunciar sem vergonha a sua palavra transformadora e testemunhar a força do amor que chama à vida tudo o que encontra”, concluiu Francisco.