Francisco recebeu nesta segunda-feira, 20, no Vaticano, os membros da Fundação Entidade do Espetáculo, instituída pela Conferência Episcopal Italiana
Da redação, com Vatican News
A primeira audiência do Papa Francisco na manhã desta segunda-feira, 20, no Vaticano foi para a Fundação Entidade do Espetáculo, instituída pela Conferência Episcopal Italiana que difunde e promove a cultura cinematográfica na Itália. O Papa entregou o discurso preparado e falou de improviso aos presentes.
O Pontífice recordou as iniciativas dentro da Igreja na Itália relacionadas à comunicação social em particular ao cinema. Em seguida, lembrou quando o Papa Pio XI, em 1936, indicou a necessidade de instituir “uma Junta Nacional permanente revisão, que promova a produção de bons filmes, classifique os outros e divulgue o julgamento ao clero e fiéis” (Vigilanti cura). “Neste quadro rico de iniciativas e associações”, continuou o Papa, “encontra-se também a atividade da sua Fundação”.
A criação
O Santo Padre afirmou que ao pensar na Fundação Entidade do Espetáculo, relembrou da primeira página da Bíblia, o relato da criação. “De fato, ao lê-la, parece que vemos passar um filme, onde Deus aparece como autor e ao mesmo tempo como espectador”.
Francisco comentou que Deus começou a compor a sua obra montando cada peça: “o céu, a terra, as estrelas, os seres vivos e por fim o homem. É uma história de envolvimento, beleza e paixão: de amor”. E explicou: “Nesta página sagrada, queridos amigos, diretores, atores, mulheres e homens que trabalham no cinema, também podemos encontrar o significado de seu trabalho cultural. Por um lado, há uma ação criativa, por outro, contemplar e avaliar”.
“Vocês podem se espelhar neste maravilhoso afresco bíblico, que fascinou tantos artistas e nunca deixa de surpreender e estimular a imaginação e a reflexão”, indicou.
A admiração
Ponderando em seguida que há muitas sugestões que poderiam ser feitas sobre esta página. “Eu escolho uma” escreveu o Papa “a da admiração. Parece que o próprio Deus se sinta assombrado, maravilhado diante da beleza das criaturas, especialmente ao contemplar o ser humano”.
Citando a obra-prima Andrej Rublëv de Tarkovski, na qual o artista fica mudo por um trauma de guerra, o Papa recordou “como acontece hoje no mundo”: o artista fica perdido, não produz até o momento em que o ressoar de um sino, saindo da terra e do bronze, como que por milagre, enche a alma do artista de admiração e, em certo sentido, ele percebe no som a voz de Deus, sussurrando-lhe: ‘Abra-se’. Como Jesus disse no Evangelho: ‘Effatà”.
Sinais e obras que despertem a admiração
“Queridos amigos”, concluiu o Papa, “o mundo, perturbado pela guerra e tantos males, precisa de sinais, de obras que despertem a admiração, que permitam que brilhem as maravilhas de Deus, que nunca deixa de amar suas criaturas e de se surpreender com a sua beleza”, ressaltou.
Em um mundo cada vez mais artificial, onde o homem está circundado por obras de suas próprias mãos, o Pontífice alertou para o grande risco que é o de perder o maravilhamento. “Partilho esta reflexão com vocês e, confiando-lhes a tarefa de despertar a maravilha, gostaria de agradecer-lhes pelo que fazem em um aspecto essencial da evangelização, pois não há fé sem admiração, sem maravilha”.