Francisco encontrou cerca de 200 religiosos nesta quinta-feira, 12, e lembrou da longa tradição iniciada por Santo Agostinho
Da redação, com Vatican News
No primeiro compromisso desta quinta-feira, 12, na Sala Clementina, o Papa Francisco recebeu representantes da Ordem dos Agostinianos Descalços. Já na sexta-feira, 12, será a vez dos irmãos da Ordem de Santo Agostinho. No discurso de hoje, Francisco fez menção aos dois encontros e aos carismas que conduzem a Igreja “através do testemunho do grande Pastor e Doutor de Hipona”.
Os cerca de 200 Agostinianos Descalços que estiveram na audiência com o Papa estão participando do Capítulo Geral da Ordem que termina nesta quinta-feira, 12, em Roma, por ocasião do Ano do Carisma. Durante três dias, os religiosos participaram de atividades como visitas a ex-conventos na capital romana e momentos de reflexão sobre a Ordem.
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No discurso, Francisco começou lembrando de Santo Agostinho (354-430), filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, através do carisma da busca da santidade através da vida comunitária. “Santo Agostinho é uma daquelas figuras que fazem sentir o encanto de Deus”, disse o Papa, que acrescentou:
“Ele é um gigante do pensamento cristão, mas o Senhor lhe doou também a vocação e a missão da fraternidade. Não se fechou no horizonte embora vasto da sua mente, mas permaneceu aberto ao povo de Deus e aos irmãos que compartilhavam com ele a vida comunitária”.
Com a longa tradição religiosa iniciada por Santo Agostinho, o Papa enfatizou as próprias raízes dos Agostinianos Descalços, que devem ser sempre “amadas e aprofundadas”, acompanhadas de humildade e caridade, através da “oração e do discernimento comunitário, seiva vital” da presença da Ordem hoje na Igreja e no mundo.
“Para ser moderno, alguém pode acreditar que é necessário se separar das raízes. E essa é a ruína, porque as raízes, a tradição, são a garantia do futuro. Não é um museu, é a verdadeira tradição, e as raízes são a tradição que te levam à seiva para fazer crescer a árvore, florescer, frutificar. Nunca se separar das raízes para ser moderno! Aquilo é um suicídio”, alertou.
O Santo Padre então abordou o carisma dos Agostinianos Descalços, na qualidade de “descalços”, que expressa a exigência de pobreza e de confiança na Providência Divina. “Vejo que todos usam calçados”, brincou Francisco aos participantes da audiência, ao enaltecer, na verdade, a importância do carisma de ter “a alma descalça”.
A escolha do quarto voto que caracteriza os religiosos, o da humildade, para dar ênfase aos trabalhos de 2019 foi elogiada pelo Pontífice: “É uma chave que abre o coração de Deus e os corações dos homens”. Além disso, acrescentou o Papa: “Abre os próprios corações de vocês a serem fiéis ao carisma de origem, a se sentirem sempre discípulos-missionários, disponíveis às chamadas de Deus”. A humildade, lembrou Francisco, “não se pode pegar na mão, é ou não é, é um dom”.
O Papa finalizou o discurso falando da importância do Ano do Carisma dos Agostinianos Descalços: “Não é algo autorreferencial. Não, não deve ser isso, autorreferencial de uma comunidade viva que quer caminhar com Cristo vivo. Isso é aquilo que vocês querem: não é autorreferencialidade, mas o desejo de caminhar em Cristo, Cristo vivo”.