Francisco abandonou discurso preparado e falou aos religiosos sobre ter Jesus no centro da vida e amar a Igreja; também advertiu sobre o “terrorismo das fofocas”
Jéssica Marçal
Da Redação
Adoração, amor à Igreja e missionariedade. Esses foram os três pontos principais mencionados pelo Papa Francisco a padres, religiosos e diáconos permanentes de Nápoles. O encontro aconteceu neste sábado, 21, durante a visita de Francisco à cidade do sul da Itália.
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Francisco foi surpreendido pelo acolhimento caloroso por parte das irmãs de clausura, que saíram do convento para participar do encontro com ele. O Pontífice abandonou o discurso preparado – segundo ele “discursos são chatos” – para falar espontaneamente.
Fraternidade sacerdotal
Francisco reconheceu que não é fácil levar adiante a fraternidade sacerdotal, uma vez que o diabo sempre apresenta tentações com a inveja, o ciúmes, a antipatia, coisas que não ajudam a ter uma verdadeira fraternidade.
Mas o Pontífice contou qual é o sinal de que não há fraternidade, seja no presbitério ou nas comunidades religiosas: as fofocas. “Permito-me dizer uma expressão: o ‘terrorismo das fofocas’. Aquele que fofoca é um terrorista que bota uma bomba, destroi”.
Jesus – o centro da vida
O foco do Papa foi a necessidade de ter Jesus como o centro da vida. Mesmo na vida consagrada, porém, há dificuldades, reconheceu ele, citando, por exemplo, o caso de religiosos que “não gostam” de seus superiores. “Se o meu centro é a superiora que não me agrada, o testemunho não vai. Se o meu centro é Jesus, rezo por essa superiora que não me agrada (…) Mas a alegria ninguém me tira. No centro, Jesus Cristo”.
Ele deixou um conselho para os seminaristas: se não estiverem certos de que Jesus é o centro de suas vidas, é melhor esperarem um pouco até que estejam seguros, do contrário começarão um caminho que não saberão como terminará. E para que Jesus seja o centro da vida, Maria é um grande auxílio, disse o Papa: “É a Mãe que nos dá Jesus”.
Espírito de pobreza e misericórdia
Outra forma de testemunho indicada pelo Santo Padre foi o espírito de pobreza, tanto dos padres como dos religiosos, mesmo quando eles não fazem votos de pobreza. Não se pode ter apego ao dinheiro, disse Francisco, recordando a primeira das Bem-Aventuranças: “Bem-aventurados os pobres em espírito”.
Um último ponto destacado pelo Papa foi a necessidade de misericórdia, tanto a concreta quando a espiritual. Às vezes, lembrou Francisco, a pessoa deixa de visitar um vizinho doente porque está na hora da novela.
Ao falar de novela, o Papa recordou um episódio de quando era arcebispo de Buenos Aires: as irmãs de um colégio reformaram sua casa, que já era velha, e em cada quarto foi colocada uma televisão. “Na hora da telenovela, você não encontrava uma irmã no colégio! São coisas que nos levam ao espírito do mundo”, advertiu o Papa.
O encontro concluiu-se com a oração do Pai Nosso e um momento de veneração da relíquia de São Gennaro.