Francisco lembrou que este ano celebram-se os 100 anos da Carta Apostólica Maximum illud, sobre a responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho
Da redação, com VaticanNews
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 20, na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (PIME).
O Santo Padre deu graças a Deus pelo longo caminho percorrido pelo organismo eclesial em seus quase 170 anos de fundação ocorrida, em Milão, na Itália, como Seminário das Missões Exteriores.
Francisco recordou Dom Angelo Ramazzotti, na época Bispo de Pavia, fundador do PIME. “Ele acolheu o desejo do Papa Pio IX e teve a ideia de envolver na fundação os bispos da Lombardia, com base no princípio da corresponsabilidade de todas as dioceses, na difusão do Evangelho aos povos que ainda não conhecem Jesus Cristo”, frisou o Pontífice. Era uma novidade para aquele tempo, pois até aquele momento, o apostolado missionário estava totalmente nas mãos das Ordens e Congregações religiosas.
Semente que produziu muitos frutos
Com o passar dos anos, o PIME fez um percurso autônomo, e em parte se desenvolveu como as outras Congregações religiosas, mas sem identificar-se com elas. Os membros não fazem votos como os religiosos, mas consagram suas vidas para a atividade missionária com a promessa definitiva.
“Os seus primeiros campos de missão foram na Oceania, Índia, Bangladesh, Mianmar, Hong Kong e China. A semente escondida debaixo da terra produziu muitos frutos de novas comunidades, de dioceses que nasceram do nada, de vocações sacerdotais e religiosas que germinaram pelo serviço da Igreja local. Depois da II Guerra Mundial vocês foram para o Brasil, na Amazônia, Estados Unidos, Japão, Guiné-Bissau, Filipinas, Camarões, Costa do Marfim, Tailândia, Camboja, Papua Nova Guiné, México, Argélia e Chade”, frisou o Papa.
Mártires do PIME
“A sua história é marcada por uma trilha luminosa de santidade em muitos de seus membros, em alguns reconhecida oficialmente pela Igreja”, disse Francisco, recordando os mártires Santo Alberico Crescitelli, o beato Giovanni Battista Mazzucconi, o beato Mario Vergara, e os confessores o Beato Paolo Manna e o Beato Clemente Vismara.
Francisco lembrou que dentre os missionários do PIME há 19 mártires que deram suas vidas por Jesus em nome de seu povo, sem reservas e sem cálculos pessoais. “Vocês são uma ‘família de apóstolos’, uma comunidade internacional de sacerdotes e leigos que vivem em comunhão de vida e atividade”.
“É somente a partir de Cristo que nossa vida e nossa missão fazem sentido, porque ‘não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados’, disse Francisco, recordando um trecho da Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi sobre a Evangelização no mundo contemporâneo de São Paulo VI, que resume o sentido da vida e vocação dos missionários do PIME.
“Evangelizar é a graça e a vocação própria de seu Instituto, a sua identidade mais profunda. No entanto, essa missão, é sempre bom enfatizar, não lhes pertence, porque brota da graça de Deus: «A primeira palavra, a iniciativa verdadeira, a atividade verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, só implorando esta iniciativa divina, podemos nos tornar também, com Ele e n’Ele, evangelizadores», disse o Papa citando um trecho da sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium.
Despertar a consciência da missio ad gentes
A seguir, Francisco recordou que, este ano, celebram-se os cem anos da promulgação da Carta Apostólica Maximum illud com a qual o Papa Bento XV “quis dar novo impulso à responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho”.
“Como vocês sabem, para comemorar este aniversário, convoquei o Mês Missionário Extraordinário, em outubro próximo, sobre o tema: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”.
A finalidade dessa iniciativa é “despertar em medida maior a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral. Vocês missionários são os protagonistas desse aniversário, a fim de que seja ocasião para renovar o impulso missionário ad gentes, de modo que toda a sua vida, seus programas, seu trabalho e suas estruturas extraiam da missão e da proclamação do Evangelho a seiva vital e critérios de renovação.”
Colocar a missão no centro
O Papa sublinhou que o PIME está procurando, na medida do possível, colocar a missão no centro, pois esta foi a urgência missionária que fundou o Instituto e continua a moldá-lo.
“Vocês estão convencidos disso e escolheram as palavras de São Paulo ‘Ai de mim se eu não pregar o evangelho’, como guia e inspiração.” Segundo o Pontífice, à luz dessas palavras, o organismo trabalhou “para compreender novamente a missão ad gentes, reafirmar a primazia da única vocação missionária tanto para os leigos quanto para os sacerdotes, escolher os âmbitos da missão, definir a animação vocacional como atividade missionária, verificar o seu ser comunidade e repensar a organização do PIME de hoje e de amanhã”.
“Não tenhamos medo de fazer, com confiança em Deus e muita coragem, uma escolha missionária capaz de transformar todas as coisas, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda estrutura eclesial se tornem um canal adequado para a evangelização do mundo atual”, concluiu Francisco.