É preciso confiar em Deus que não desilude jamais, disse o Papa ao falar do risco de manter falsas esperanças em falsos ídolos
Da Redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco se reuniu com cerca de seis mil fiéis na Sala Paulo VI para a catequese desta quarta-feira, 11. O Pontífice deu continuidade ao ciclo sobre a esperança cristã, advertindo, desta vez, sobre as falsas esperanças depositadas nos ídolos de que fala o Salmo 115.
Esperar é uma necessidade primária do homem, explicou o Papa. Mas é importante que esta esperança seja colocada em quem verdadeiramente possa ajudar a viver e dar sentido à existência.
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.: Íntegra da catequese
Diante das dificuldades da vida, pode-se sentir a tentação de buscar consolações efêmeras para preencher o vazio da solidão. O perigo está em buscar uma segurança imediata, a ilusão de poder encontrar segurança no dinheiro, nas alianças com os poderosos, na mundanidade e nas ideologias. Estes são os falsos ídolos.
“Mas nós gostamos dos ídolos”, constatou Francisco, contando que em Buenos Aires, quando atravessava um parque para ir de uma igreja a outra, via inúmeros cartomantes. “Faziam até fila”, lembrou. “Você dá a mão e ouve: há uma mulher na sua vida, tem uma sobra, mas tudo acabará bem. Isso dá segurança”, disse o Papa. “É a segurança de uma estupidez. Este é o ídolo. ‘Ah, fui na cartomante e ela leu as cartas’. Sei que ninguém de vocês faz isso”, brincou Francisco com os fiéis. “Você paga para ter uma falsa esperança: compramos falsas esperanças” ao invés de confiar na esperança da gratuidade de Jesus.
Esta é uma forma de reduzir Deus aos esquemas e ideias de divindade que o homem tem; “um deus à nossa medida”, que satisfaz as exigências e intervém magicamente para mudar a realidade e torná-la como se deseja. Neste caso, o homem, feito à imagem de Deus, fabrica um deus à sua própria imagem e uma imagem mal acabada, explicou Francisco. “Mas ficamos mais felizes em confiar nos falsos ídolos do que esperar no Senhor”, lamentou mais uma vez o Papa.
Francisco destacou que manter ídolos aos quais tudo se sacrifica confunde valores e em vez de favorecer a vida, conduz à morte. Como exemplo, ele falou de uma mulher, muito bonita, que contava – como se fosse natural – que fez um aborto para preservar a beleza. “Estes são os ídolos que o levam para o caminho errado e não levam a lugar nenhum”.
Por isso, a mensagem do Salmo é clara: quando se coloca a esperança nesses ídolos, o homem se torna vazio, com mãos que não tocam, pés que não caminham e bocas que não falam. Também os homens de Igreja correm este risco quando se ‘mundanizam’. “É preciso estar no mundo, mas defender-se das ilusões do mundo”.
Concluindo, o Papa recordou que a esperança em Deus jamais desilude. “Já os ídolos desiludem sempre. São fantasias, não realidades.” Se depositarmos a nossa esperança em Deus, vamos nos tornar como Ele, partilhando a sua vida e irradiando a sua bênção. “E neste Deus confiamos. E este Deus, que não é um ídolo, jamais desilude.”