Mensagem

Papa à Venezuela: futuro beato é exemplo para paz e reconciliação

Francisco enviou uma mensagem de vídeo aos venezuelanos diante da proximidade da beatificação de Dr. José Gregorio Hernández

Da redação, com Vatican News

Foto: Lucia Ballester/CNA

O Papa Francisco enviou uma mensagem de vídeo à Venezuela diante da proximidade da beatificação do “médico dos pobres”, Dr. José Gregorio Hernández.

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O venezuelano será beatificado nesta sexta-feira, 30, na Igreja de La Sale, em Caracas. A Conferência Episcopal da Venezuela convida o povo de Deus a agradecer o trabalho de Dr. José Gregorio Hernández.

Expectativa desde a Venezuela até o Vaticano

A mensagem do Santo Padre foi dirigida em língua espanhola. O Pontífice disse saber do entusiasmo de todo o país pela chegada desse momento que é esperado há tantos anos:

“Confesso a vocês que não encontrei um venezuelano, aqui no Vaticano, seja na praça, seja em audiência privada, que, no meio da conversa, no final, não dissesse: quando é a beatificação de Gregorio? Eles o mantiveram na alma. Bem, agora esse desejo está sendo realizado.”

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Modelo de valores cristãos

Dr. José Gregorio, continuou o Papa, se oferece como modelo de valores cristãos. O futuro beato “fez do Evangelho o critério da sua vida” ao observar os mandamentos, participar diariamente da Eucaristia e dedicar tempo à oração.

“Um homem de fé e ciência, ‘a serviço da saúde e do ensino’. Enfim, um modelo de santidade comprometido com a defesa da vida”.  Segundo Francisco, ele serviu a todos, “como um Bom Samaritano, sem excluir ninguém”.

O que é lavar os pés uns dos outros?

O Papa reiterou que o trabalho do médico foi realizado a partir do exemplo que Cristo nos deixou durante a Última Ceia. O Pontífice destacou que novo beato lavou os pés dos seus discípulos e de todos porque amava todos.

Isso porque, continuou Francisco, o Senhor nos exorta a sermos sujeitos ativos no serviço, mas também a termos a humildade de lavar os pés dos outros:

“E o que é hoje esse lavar os pés uns dos outros, eu me pergunto, para todos nós e, especificamente, para vocês, que hoje celebram a beatificação deste grande lavador de pés?”, questionou.

Lavar os pés, explicou o Santo Padre, significa acolher, receber uns aos outros, ver o outro como um igual, alguém como eu, sem desprezar. “Não desprezar ninguém”, ressaltou.

O ato representa também servir uns aos outros. Estar disposto a servir, mas também deixar que outros nos ajudem, nos sirvam. “Ajudar e deixar que nos ajudem”, frisou. Um outro exemplo é perdoar uns aos outros.

“Devemos perdoar e permitir que nos perdoem, sentirmo-nos perdoados. Em última análise, lavar os pés uns dos outros é amar uns aos outros”, afirmou. Confira a mensagem de vídeo:

Perdoar-se e deixar-se perdoar

O Papa então se deteve à importância de perdoar e de nos deixarmos ser perdoados. Segundo Francisco, não somos autônomos, que não precisam de nada, nem mesmo de perdão.

“Todos precisamos de ajuda, todos. Todos nós precisamos de perdão” – Papa Francisco

O caminho do perdão foi percorrido inclusive pelo beato, celebrado hoje na Venezuela. O período é difícil para o povo, disse Francisco, com angústias e sofrimentos agravados pela pandemia:

“Esta mesma pandemia, que hoje afeta esta grande festa de fé da beatificação e que a reduz para evitar contágios por razões de segurança, de saúde, coloca todos nós dentro de casa, não nos permite sair às ruas para celebrar, gritar, não, porque a pandemia é perigosa. […] E assim como conheço bem o sofrimento, também conheço a fé e as grandes esperanças do povo venezuelano.”

Recuperar a Venezuela com unidade nacional

Em meio a tantas dificuldades, o Pontífice encorajou novamente a seguir o “exemplo de serviço altruísta” do médico dos pobres.

Com a beatificação do Dr. José Gregorio, Francisco afirmou que Deus está concedendo uma bênção especial ao país.

O convite é também à conversão. Ação que leva à uma maior solidariedade uns com os outros, para produzir juntos a resposta do bem comum tão necessária. Só assim o país poderá ressuscitar e renascer depois da pandemia. O espírito deve ser de reconciliação.

Em qualquer contexto de dificuldade, seja em casa ou na sociedade, o Santo Padre lembrou: “precisamos sempre da reconciliação, da mão estendida!”.

“Acredito sinceramente que este momento de unidade nacional, em torno da figura do médico do povo, constitua um momento especial para a Venezuela. Exige de vocês ir mais longe, dando passos concretos em favor da unidade, sem se deixarem vencer pelo desânimo. […] Rezo a Deus pela reconciliação e pela paz entre os venezuelanos. Eu gostaria de visitá-los.”

Dr José Gregório

Dr José Gregório / Foto: Divulgação

Desejo de visitar a Venezuela

O desejo de visitar o país foi repetido pelo Papa na mensagem em vídeo. Ele enalteceu que também está rezando para que o Beato inspire as instituições públicas. O pedido é de que elas “ofereçam segurança e confiança a todos”. Também que todos os líderes do país se comprometam a “alcançar a unidade”.

“Busquemos o caminho da unidade nacional, e isso é para o bem da Venezuela. Uma unidade operacional na qual todos, com seriedade e sinceridade, começando pelo respeito e reconhecimento mútuo, colocando o bem comum acima de qualquer outro interesse”, frisou.

Francisco pediu que os venezuelanos trabalhem pela unidade, paz e prosperidade.  O Pontífice roga para que o povo possa viver com normalidade, produtividade, estabilidade democrática, segurança, justiça e esperança.

“Rezo para que, todos juntos, possamos recuperar aquela Venezuela na qual todos sabem que têm um lugar. Na qual todos podem encontrar um futuro. Peço ao Senhor que nenhuma intervenção externa impeça vocês de percorrer esse caminho de unidade nacional. Como eu gostaria de poder visitá-los.”

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