Francisco afirma que a oração, a esmola e o jejum, práticas penitenciais deste tempo quaresmal, colaboram com a ação do Espírito Santo na santificação dos cristãos
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Foi publicada hoje a mensagem de vídeo do Papa Francisco aos fiéis brasileiros por ocasião da 60ª Campanha da Fraternidade promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que neste ano tem como tema: “Fraternidade e fome”.
O Pontífice recordou que todos os anos no tempo da Quaresma todos são chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a vida para Ele, que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Segundo Francisco, neste período de preparação para Páscoa, encontra-se na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que ajudam a colaborar com a ação do Espírito Santo, autor da santificação.
Campanha da fraternidade
O Pontífice explicou que com o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a Campanha da Fraternidade deste ano propõe que os cristãos voltem o olhar para os irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome.
“Ainda hoje, ‘milhões’ de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos Populares, 28/X/2014).
Na mensagem, Francisco recordou a indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16), a qual é dirigida hoje a todos, seus discípulos, para que partilhem – do muito ou do pouco que têm – com os irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome.
Encontrar o Senhor nos pobres
Francisco ressaltou que quando se vai ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, também se está saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: “eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 35.40).
Por fim, o Santo Padre disse que o seu grande desejo é que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente à ações concretas, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos.
O Papa quer que esta conscientização pessoal ressoe em todas as estruturas paroquiais e diocesanas, e também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome.
Fraternidade
“Lembremo-nos de que ‘aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania’ (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7)
A mensagem do Pontífice foi encerrada confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida: “Concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim,” concluiu o Pontífice.