Em mensagem à FAO, apresentada nesta quarta-feira, 29, o Papa apoiou a abertura da “Década das Nações Unidas para a Agricultura Familiar”
Da redação, com Vatican News
“A família é onde se aprende a viver com os outros e a estar em sintonia com o mundo que nos rodeia”. A frase é parte da mensagem que o Papa Francisco enviou ao diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, por ocasião do início da Década das Nações Unidas para a Agricultura Familiar (2019-2028). O Pontífice reconhece que a iniciativa pretende cumprir o propósito Fome Zero 2030 e alcançar o segundo dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030: “Erradicar a fome, garantir a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover uma agricultura sustentável”.
O Papa recordou que a família é formada por uma rede de relações e é um húmus frutuoso, modelo de partilha para uma agricultura sustentável, que têm consequências positivas não apenas no setor agrícola, mas também para toda a humanidade e a salvaguarda do ambiente. “Nela [família] aplica-se o princípio da subsidiariedade, um instrumento que regula as relações, portanto a família pode colaborar junto com as autoridades públicas para o desenvolvimento das zonas rurais sem transcurar o objetivo do bem comum e dando prioridade aos que mais precisam”, explicou o Santo Padre.
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A contribuição específica das mulheres na agricultura familiar foi citada pelo Papa como significativa, principalmente nos países em desenvolvimento. “As mulheres participam de todas as fases da produção alimentar, do plantio à colheita, na gestão e no cuidado dos animais de criação e em todos os trabalhos mais pesados”, frisou. Francisco evidenciou também a oportunidade de trabalho para os jovens no setor agrícola; definido por ele como um setor que está se tornando estratégico para o interesse nacional de muitos países.
O convite do Pontífice é o de rever o sistema de instrução para torná-lo mais correspondente às exigências do setor agrícola e portanto para integrar os jovens no mercado de trabalho. “O sistema educativo deve ir além da simples passagem de conhecimentos e integrar uma cultura ecológica que deve contemplar uma visão diversa, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que formam uma resistência ao progresso do paradigma tecnocrático como se evidencia na Laudato si”, destacou o Papa.
Francisco exortou os povos a buscarem meios para erradicar a fome. Unir os esforços, trabalhar de modo tempestivo, com uma abordagem que considere os direitos humanos fundamentais e a solidariedade intergeracional como base da sustentabilidade foram também pedidos do Santo Padre. “Esta oportunidade de reflexão e de trabalho para a agricultura familiar, com o objetivo de erradicar a fome, é um motivo para tornar a sociedade mais consciente das necessidades dos nossos irmãos e irmãs que não têm condições para isso”.