Papa Francisco encerra o ano com uma mensagem de esperança, nas primeiras vésperas da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
O Papa Francisco participou nesta sexta-feira, 31, das primeiras vésperas da solenidade de Santa Maria Mãe de Deus na Basílica Vaticana. A celebração foi presidida pelo decano do colégio cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re e marcada também pelo canto litúrgico do Te Deum, em ação de graças pelo ano que se passou. A homilia foi preparada e lida pelo próprio Papa, uma reflexão sobre o encanto pelo mistério da Encarnação e sobre esperança.
A festa do Natal talvez é aquela que mais desperta essa atitude interior de encanto, de admiração, de contemplação, observou o Papa. Ele ressaltou que não se pode celebrar o Natal sem esse encanto, mas isso não pode se limitar a uma emoção superficial, ligada à exterioridade da festa. “Se o Natal se reduz a isso, nada muda: amanhã será igual a ontem, o próximo ano será como o que passou, e assim por diante”.
O encanto com a realidade
Maria foi a primeira e maior testemunha – e ao mesmo tempo a mais humilde – da encarnação de Deus na humanidade. Francisco destacou que o coração de Nossa Senhora é repleto desse encanto, mas sem romantismo nem espiritualismo: ela nos traz de volta à realidade, à verdade do Natal. “O encanto cristão não se origina de efeitos especiais, de mundos fantásticos, mas do mistério da realidade: não há nada mais maravilhoso e surpreendente do que a realidade!”.
Francisco destacou ainda que a maravilha de Maria e da Igreja é repleta de gratidão. A gratidão da Mãe que, contemplando o Filho, sente a proximidade de Deus, sente que Deus não abandonou seu povo. “Os problemas não desaparecem, dificuldades e preocupações não faltam, mas não estamos sozinhos: o Pai ‘enviou o seu Filho’ (Gl 4, 4) para nos resgatar da escravidão do pecado e restaurar a nossa dignidade de filhos”.
Esperança que não desilude
Esse período de pandemia aumentou a sensação de perplexidade em todo o mundo, constatou o Papa. Após uma primeira fase de reação, marcada por sentimento solidário “no mesmo barco”, espalhou-se a tentação do “salve-se quem puder”. Mas depois a humanidade reagiu de novo, com sentido de responsabilidade, pontuou.
“Verdadeiramente podemos e devemos dizer ‘graças a Deus’, porque a escolha da responsabilidade solidária não vem do mundo: vem de Deus; com efeito, vem de Jesus Cristo, que imprimiu de uma vez por todas na nossa história o ‘caminho’ da sua vocação originária: ser todos irmãos e irmãs, filhos de um só Pai”.
A cidade de Roma traz essa vocação impressa em seu coração, destacou o Pontífice. Na cidade, há um sentimento de fraternidade, de “sentir-se em casa”, porque ela traz em si uma abertura universal. Aqui, o Papa deixou o alerta de que uma cidade acolhedora e fraterna não pode ser reconhecida por sua “fachada”, por seus discursos, mas pela atenção diária aos seus cidadãos. “Que todos se maravilhem por descobrir nesta cidade uma beleza que diria ‘coerente’ e que suscita gratidão”.
Francisco concluiu a homilia lembrando que, nesta solenidade, a Mãe Maria e a Mãe Igreja nos mostram o Menino, a quem devemos seguir no caminho cotidiano. “Ele dá plenitude ao tempo, dá sentido às obras e aos dias. Tenhamos confiança, nos momentos bons e naqueles dolorosos: a esperança que Ele nos dá é a esperança que nunca desilude”.