Papa enviou uma carta por ocasião dos 800 anos da morte de São Domingos Gusmão, fundador dos Dominicanos
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao mestre geral da Ordem dos Pregadores, Frei Gerard Francisco Timoner III, por ocasião dos 800 anos da morte de São Domingos de Gusmão (1170-1221). De nacionalidade filipina, ele é o primeiro frei asiático a ocupar o cargo de superior geral, eleito em 2019, e o terceiro mestre geral de fora da Europa nos longos anos de história.
Votos de uma nova primavera do Evangelho
Na mensagem desta segunda-feira, 24, o Pontífice chegou a recordar a visita apostólica feita a Bolonha cinco anos atrás, de onde o fundador dos Dominicanos se dedicou à sua obra e onde faleceu. O Papa chegou a passar alguns momentos em oração diante do túmulo de São Domingos na catedral, venerado – entre outros títulos – como “Pregador de Graças”, pedindo, em especial, “um aumento considerável de vocações sacerdotais e religiosas”.
Com a celebração do Ano Jubilar, o Papa faz bons votos a todos os membros da grande família dominicana, esperando que seja inaugurada “uma nova primavera do Evangelho”, já que Domingos respondia “à necessidade urgente do seu tempo não apenas por uma pregação renovada e vibrante do Evangelho, mas também, igualmente importante, por um testemunho convincente dos seus apelos à santidade”. Francisco recorda, na carta, que o santo se dedicava a “iluminar as mentes” de novos pregadores, encorajando a seguir esse modelo de apostolado:
“Em nosso tempo, caracterizado por grandes mudanças e novos desafios à missão evangelizadora da Igreja, Domingos pode, portanto, servir de inspiração a todos os batizados que são chamados, como discípulos missionários, a alcançar cada ‘periferia’ do nosso mundo com a luz do Evangelho e o amor misericordioso de Cristo.”
Pregar o amor misericordioso de Deus
Na carta por ocasião do oitavo centenário da morte do fundador dos Frades Dominicanos, o Papa assim destaca a grande vocação de Domingos “de pregar o Evangelho do amor misericordioso de Deus”:
“O seu testemunho da misericórdia de Cristo e o seu desejo de levar o bálsamo curativo aos que vivem na pobreza material e espiritual inspiraria mais tarde a fundação da sua Ordem e moldaria a vida e o apostolado de inúmeros Dominicanos em diferentes épocas e lugares.”
Uma mensagem evangélica que, segundo o Pontífice, deveria desafiar a Igreja de hoje “a fortalecer os laços de amizade social, a superar as estruturas econômicas e políticas injustas e a trabalhar para o desenvolvimento integral de cada indivíduo e de cada povo”.
“Fiéis à vontade do Senhor e inspirados pelo Espírito Santo, os seguidores de Cristo são chamados a cooperar em todos os esforços para ‘fazer nascer um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja espaço para cada descartado por nossas sociedades, onde resplandeçam a justiça e a paz’ (Fratelli tutti, n. 278). Que a Ordem dos Pregadores, hoje como naquela época, esteja na linha de frente de um renovado anúncio do Evangelho, capaz de falar ao coração dos homens e mulheres do nosso tempo e despertar neles uma sede pela vinda do Reino de Cristo de santidade, justiça e paz!”
A fraternidade evangélica entre Dominicanos
Na carta, Francisco também faz referência ao incentivo de São Domingos à comunhão fraterna dentro da Ordem dos Pregadores, dando importância “à vida em comum” e ao crescimento de toda uma comunidade eclesial em unidade fraterna e discipulado missionário:
“O testemunho da fraternidade evangélica, como testemunho profético do projeto último de Deus em Cristo para a reconciliação na unidade de toda a família humana, continua sendo um elemento fundamental do carisma dominicano e um pilar do compromisso da Ordem de promover a renovação da vida cristã e de difundir o Evangelho no nosso tempo atual.”
“Não podemos deixar de lembrar aqueles membros da família dominicana cujo martírio foi em si uma poderosa forma de pregação”, enaltece o Papa Francisco na carta. São inúmeros homens e mulheres que continuam levando a alegria do Evangelho nas periferias do mundo.
O Pontífice também reconhece a vocação de Domingos “ao enviar os primeiros frades para as universidades nascentes na Europa”, com o intuito de “dar aos futuros pregadores uma saudável e sólida formação teológica baseada na Sagrada Escritura”. Além do “apostolado intelectual da Ordem”, Francisco finaliza a mensagem demonstrando gratidão pela presença do fundador no mundo da cultura que estimulou “o encontro entre fé e razão”, alimentando a vitalidade da fé cristã e promovendo a missão da Igreja ao “atrair mentes e corações para Cristo”.