Segundo o Papa, a fragilidade é lugar teológico de encontro com Deus; ele falou a um grupo de padres de Roma destacando as características do sacerdote
Jéssica Marçal, com Boletim da Santa Sé
Da Redação
A fragilidade é um lugar teológico de encontro com Deus, disse o Papa Francisco aos padres do Colégio de São Luís dos Franceses, em Roma. Eles foram recebidos em audiência nesta segunda-feira, 7. O discurso de Francisco ressalta o que é a essência do sacerdócio, e disso faz parte também a fragilidade.
“Os padres ‘superman’ terminam mal, todos. O padre frágil, que conhece suas fraquezas e fala sobre elas com o Senhor, este irá bem. Com José [São José], somos chamados a retornar à experiência dos simples atos de acolhimento, de ternura, do dom de si”.
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O Papa lembra a tentação de criar pequenos grupos, isolando-se e falando mal dos outros. Volta a frisar que as fofocas são um hábito de grupos fechados, mas isso não ajuda. Ao contrário, Francisco pede que os padres pensem na misericórdia de Deus.
Pastores com “cheiro das ovelhas”
O Pontífice encoraja os padres a viverem com alegria os momentos preciosos de partilha e oração comunitária. Ele parte do princípio de que o padre difunde à sua volta o “gosto de Deus”, deve transmitir esperança aos corações.
Os padres não devem “ir a campo” para aplicar as teorias sem considerar o ambiente em que se encontram, lembra o Papa. Ele repete o que já disse em uma homilia em 2013: que os padres sejam pastores com “cheiro das ovelhas”.
Isso porque não se pode pensar no sacerdote fora do povo de Deus, ressalta. Um sacerdócio isolado do povo não é um sacerdócio católico, nem mesmo cristão. O Papa se diz preocupado com as reflexões sobre o sacerdócio como se fosse algo de laboratório. É preciso rir e chorar com o povo, comunicar-se com ele. “Se és padre, seja pastor”.
Sonhar grande e ter senso de humor
O Papa também convida os padres a sonharem com uma Igreja toda a serviço, com um mundo fraterno e solidário. E isso sem medo de ousar, de arriscar, pois Cristo dá a força. Com Cristo, os padres podem ser apóstolos da alegria, e junto com a alegria está o bom humor.
“Um padre que não tenha senso de humor, não agrada, algo está errado. Imitem aqueles grandes padres que riem dos outros, de si mesmo e da própria sombra: o senso de humor é uma das características da santidade”, disse recordado a exortação Gaudete et exultate.
Por fim, Francisco convida os padres ao reconhecimento: reconhecimento a Deus por aquilo que são uns para os outros. “Com seus limites, fragilidades, tribulações, há sempre um olhar de amor sobre vocês e que vos dá confiança”.