Em coletiva de imprensa, o padre salesiano sequestrado por 18 meses apresentou-se mais magro, mas com uma força espiritual inabalável

Papa abençoa padre Tom, libertado recentemente de um sequestro que durou 18 meses / Foto: Site ANS – Agência de Informação Salesiana
Da redação, com Rádio Vaticano
Apesar de ter perdido 30 quilos em seus 18 meses de cativeiro, o padre salesiano Tom Uzhunnali não perdeu o vigor espiritual, como pôde mostrar em uma coletiva de imprensa realizada neste sábado, 16, no Centro Salesiano, em Roma.
Pouco se sabe como se deu o resgate do Padre Tom, como é mais conhecido entre os fiéis. Sabe-se, porém, foi por intermédio de um agente humanitário que se manteve em contato com Sultanato de Omã. “Ninguém nos pediu e nem demos um euro sequer”, disse o Reitor Mor dos salesianos, Padre Angel Artime.
Houve também muito empenho de uma equipe liderada pelo Santo Padre, além de intermediações do governo indiano. Durante a coletiva, o Padre Tom se dirigiu emocionado a um grupo de Missionárias da Caridade presente na sala. Era justamente ao lado das Irmãs de Madre Teresa que o sacerdote salesiano atuava no Iêmen, prestando serviço de assistência espiritual em Aden, quando quatro religiosas foram mortas num violento ataque terrorista.
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“Sempre rezei por todos, pelo Papa, as irmãs mortas, a família, aqueles que sabia que rezavam por mim, e também pelos sequestradores. Nunca fui maltratado e os sequestradores providenciaram também os remédios que precisava para tratar o diabete. Graças às 230 compressas que tinha à disposição, conseguia contar os dias que passavam”, relatou Padre Tom.
Nos dezoito meses em que esteve aprisionado, o sacerdote recorda ter estado em três diferentes localidades, mas diz não ser capaz de reconhecê-las. Quanto às razões pelas quais foi sequestrado, o sacerdote salesiano não consegue dizer o porquê do crime.
“Não saberia dizer, para tentar obter dinheiro. Existem muitos grupos que fazem coisas do gênero por dinheiro. Ou porque sou indiano. Não sei, realmente (…) Estavam vestidos de preto e com o rosto coberto, mas considero que me tenham pego porque era indiano, estrangeiro, ou porque quem sabe alguém poderia se interessar pela minha sorte”.
Padre Tom disse ainda que fora obrigado pelos sequestradores a fingir ser maltratado. “Graças a Deus estou bem! Não me tiraram nem um fio de cabelo. Nos vídeos que divulgaram, eu fingia chorar e ser maltratado, seguindo as indicações que me davam”, relatou.
O sacerdote concluiu o encontro com os jornalistas, expressando o desejo de encontrar a Madre Geral das Missionárias, agradecendo a Deus por sempre ter cuidado dele e reafirmando de querer continuar a estar a serviço do Senhor e ser dócil à sua vontade.
Ainda no Vaticano, o Padre Tom vem sendo submetido a diversos exames. Assim que estiver com a saúde em ordem, retornará à sua Província Salesiana, na Índia.