Nesta quarta-feira, 20, Francisco falou sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que está sendo vivida no Hemisfério Norte
Da redação, com Vatican News
“A oração pela unidade dos cristãos” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 20. Celebrada no Hemisfério Norte de 18 a 25 deste mês, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem como tema “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos”. No Brasil, é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes.
Segundo Francisco, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem como objetivo invocar de Deus o dom da unidade a fim de superar o escândalo das divisões entre os fiéis em Jesus. O Santo Padre recordou a Última Ceia, quando Jesus rezou pelos seus, “para que todos sejam um”.
“Foi a sua oração antes da Paixão, poderíamos dizer o seu testamento espiritual. Observamos, contudo, que o Senhor não ordenou aos discípulos a unidade. Nem lhes fez um discurso para motivar a sua necessidade. Não, Ele rezou ao Pai por nós, para que fôssemos um. Isto significa que não somos suficientes, com a nossa força, para realizar a unidade. A unidade é primeiramente um dom, é uma graça a ser pedida com a oração”, disse o Pontífice.
Todos precisam da unidade, frisou o Papa, porém homens e mulheres têm a incapacidade de preservar a unidade dentro deles mesmos. O Apóstolo Paulo também sentiu um conflito dilacerante dentro de si, explicou Francisco: ele queria o bem e estava inclinado para o mal.
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“Ele compreendeu que a raiz de tantas divisões à nossa volta, entre pessoas, na família, na sociedade, entre povos e até entre os fiéis, está dentro de nós. A solução para as divisões não é opor-se a alguém, porque a discórdia gera mais discórdia. O verdadeiro remédio começa pelo pedir a Deus a paz, a reconciliação, a unidade”, destacou.
Segundo o Santo Padre, isto aplica-se primeiramente aos cristãos: a unidade só pode vir como fruto da oração. Os esforços diplomáticos e os diálogos acadêmicos não são suficientes, explicou o Pontífice, mas devem ser feitos, mesmo não sendo o bastante. “Jesus sabia isto e abriu-nos o caminho através da oração. Deste modo, a nossa oração pela unidade é uma humilde mas confiante participação na oração do Senhor, o qual prometeu que cada oração feita em seu nome será ouvida pelo Pai”.
Francisco convidou os fiéis a fazerem a seguinte pergunta: “Rezo pela unidade?”. O Papa reforçou que esta é a vontade de Jesus, mas quando homens e mulheres pensam nas intenções pelas quais rezam, provavelmente compreenderão que rezam pouco, talvez nunca, pela unidade dos cristãos. “Mas a fé no mundo depende disto; com efeito, o Senhor pediu a unidade entre nós ‘para que o mundo creia'”.
“O mundo não acreditará porque o convenceremos com bons argumentos, mas se tivermos testemunhado o amor que nos une e nos torna próximos de todos, sim, acreditará. Neste tempo de graves dificuldades, a oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos. É urgente pôr de lado os particularismos, a fim de promover o bem comum, e para isso o nosso bom exemplo é fundamental: é essencial que os cristãos continuem o caminho rumo à unidade plena e visível”, sublinhou o Santo Padre.
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Nas últimas décadas foram dados muitos passos em frente, apontou o Papa, mas é necessário perseverar no amor e na oração, sem desanimar e incansavelmente. “É um percurso que o Espírito Santo suscitou e do qual nunca voltaremos atrás”. Rezar, comentou o Pontífice, significa lutar pela unidade, porque o inimigo, o diabo, como a própria palavra diz, é o divisor. “Ele insinua a divisão, em todo o lado e de todas as maneiras, enquanto o Espírito Santo faz convergir sempre em unidade”.
“O diabo, em geral, não nos tenta com a alta teologia, mas com as fraquezas dos irmãos”, disse ainda Francisco. “Ele é astuto: amplia os erros e defeitos dos outros, semeia a discórdia, provoca a crítica e cria divisão. O caminho de Deus é outro: Ele nos aceita como somos. Ele nos ama muito, mas nos ama como somos e nos aceita como somos: diferentes, pecadores, e nos impele para a unidade”.
O Papa convidou os fiéis a examinarem e perguntarem se nos locais onde vivem, onde estão, fomentam conflitos ou lutam para crescer em unidade com os instrumentos que Deus deu: a oração e o amor. “Alimenta-se o conflito com a fofoca, sempre, falando mal dos outros. A fofoca é a arma que o diabo usa para dividir a comunidade cristã, a família, os amigos, para dividir sempre. O Espírito Santo nos impele sempre para a unidade”.
“A raiz da comunhão é o amor de Cristo, que nos faz superar os preconceitos para vermos nos outros um irmão e uma irmã a amar sempre”, disse ainda o Santo Padre. “Deste modo descobrimos que os cristãos de outras confissões, com as suas tradições, com a sua história, são dons de Deus, são dons presentes nos territórios das nossas comunidades diocesanas e paroquiais. Comecemos a rezar por eles e, se possível, com eles. Desta forma, aprenderemos a amá-los e a apreciá-los. A oração, nos recorda o Concílio, é a alma de todo o movimento ecumênico”, concluiu.