Homilia

Obrigado pela ajuda que dão aos doentes, diz Papa aos farmacêuticos

Na Missa desta quinta-feira, 16, Francisco agradeceu aos farmacêuticos e afirmou que a grande força para pregar o Evangelho é a alegria do Senhor, fruto do Espírito Santo

Da redação, com Vatican News

Papa durante missa desta quinta-feira, 16/ Foto: Vatican Media

O Papa Francisco presidiu a Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira, 16, da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos farmacêuticos: “Nestes dias, reclamaram-me por que me esqueci de agradecer a um grupo de pessoas que também trabalha… Agradeci aos médicos, enfermeiros, voluntários… ‘Mas o senhor se esqueceu dos farmacêuticos’. Também eles trabalham muito para ajudar os doentes a sair da enfermidade. Rezemos também por eles”.

Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia (Lc 24,35-48), em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, assustados e cheios de medo, porque pensavam que estavam vendo um fantasma, e lhes abre a inteligência para entenderem as Escrituras. E pela alegria não conseguiam acreditar.

“Ser repletos de alegria é a experiência mais alta da consolação. É a plenitude da presença do Senhor, é o fruto do Espírito Santo, é uma graça”, ressaltou o Pontífice. O Santo Padre citou a Exortação apostólica de Paulo VI “Evangelii nuntiandi”, que fala de evangelizadores alegres. A grande força que temos para pregar o Evangelho e seguir avante como testemunhas de vida é a alegria do Senhor, que é fruto do Espírito Santo, reforçou. 

Íntegra da homilia

“Nestes dias, em Jerusalém, as pessoas tinham muitos sentimentos: o medo, o espanto, a dúvida. Naqueles dias, enquanto o coxo curado não deixava mais Pedro e João, todo o povo, fora de si pelo espanto…: há um ambiente não tranquilo, porque aconteciam coisas que não se entendia. O Senhor apareceu a seus discípulos. Também eles já sabiam que tinha ressuscitado, inclusive Pedro o sabia, porque tinha falado com Ele naquela manhã. Esses dois que tinham retornado de Emaús o sabiam, mas quando o Senhor apareceu se assustaram.

Assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma; a mesma experiência que tiveram no lago, quando Jesus veio caminhando sobre as águas. Mas naquele tempo, Pedro, tomando coragem, apostou no Senhor, disse: ‘Se és tu, faze-me caminhar sobre as águas’. Este dia Pedro estava calado, tinha falado com o Senhor, naquela manhã, e daquele diálogo ninguém sabe o que foi dito entre eles, e por isso estava calado. Mas estavam cheios de medo, assustados, acreditavam ver um fantasma. E diz: ‘Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés…’, mostra-lhes as chagas. Aquele tesouro de Jesus que Ele levou para o Céu a fim de mostrá-lo ao Pai e interceder por nós. ‘Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos’.

E depois, vem uma frase que me dá muita consolação, e, por isso, esta passagem do Evangelho é uma das minhas preferidas: ‘Mas eles não podiam acreditar, porque estavam muito alegres’, ainda e estavam repletos de surpresa, a alegria os impedia de acreditar. Era tamanha aquela alegria que ‘não, isso não pode ser verdade. Essa alegria não é real, é demasiada alegria’. E isso os impedia de acreditar. A alegria. Os momentos de grande alegria.

Estavam repletos de alegria, mas paralisados pela alegria. E a alegria é um dos votos que Paulo faz aos seus de Roma: ‘Que o Deus da esperança vos torne repletos de alegria’, lhes diz. Encher de alegria, ser repletos de alegria. É a experiência da mais alta consolação, quando o Senhor nos faz entender que isso é diferente do estar alegre, positivo, luminoso… Não, é outra coisa. Ser alegre, mas repleto de alegria, uma alegria transbordante que, verdadeiramente, nos invade. E por isso Paulo lhes deseja que ‘o Deus da esperança vos torne repletos de alegria’, aos Romanos.

E aquela palavra, aquela expressão “encher de alegria” é repetida, muitas, muitas vezes. Por exemplo, quando se dá, no cárcere, e Pedro salva a vida do carcereiro que estava para se suicidar, porque as portas se abriram com o terremoto e depois lhe anuncia o Evangelho, o batiza, e o carcereiro, diz a Bíblia, estava ‘repleto de alegria’ por ter acreditado. O mesmo acontece com o ministro da economia de Candace, quando Filipe o batizou, desapareceu, ele seguiu seu caminho ‘repleto de alegria’. O mesmo acontece no dia da Ascensão: os discípulos voltaram para Jerusalém, diz a Bíblia ‘cheios de alegria’. É a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor. Porque, como Paulo diz aos Gálatas, ‘a alegria é o fruto do Espírito Santo’, não é a consequência de emoções que nascem por uma coisa maravilhosa… Não, é mais que isso. Esta alegria, esta que nos toma, é o fruto do Espírito Santo. Sem o Espírito não se pode ter esta alegria. É uma graça receber a alegria do Espírito.

Veem-me à mente os últimos números, os últimos parágrafos da Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, quando fala dos cristãos alegres, dos evangelizadores alegres, e não daqueles que vivem sempre tristonhos. Hoje, é um dia bonito para lê-los. Repletos de alegria. É isso que a Bíblia nos diz: ‘Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres…’, era tanta que não acreditavam.

Há uma passagem do livro de Neemias que nos ajudará, hoje, nesta reflexão sobre a alegria. O povo, tendo voltado para Jerusalém, reencontrou o livro da Lei, foi descoberto novamente – porque eles sabiam a Lei de cor, não encontravam o livro da Lei –, grande festa e todo o povo se reuniu para ouvir o sacerdote. Esdras lia o livro da Lei. O povo, comovido, chorava, chorava de alegria, porque tinha encontrado o livro da Lei e chorava, estava alegre, o choro… Quando o sacerdote Esdras terminou, Neemias disse ao povo: ‘Estejam tranquilos. Agora, não chorem mais, conservem a alegria, porque a alegria no Senhor é a força de vocês’.

Esta palavra do livro de Neemias nos ajudará hoje. A grande força que temos para transformar, para pregar o Evangelho, para seguir adiante como testemunhas de vida é a alegria do Senhor, que é fruto do Espírito Santo, e hoje peçamos a Ele que nos conceda esse fruto”.

Oração

O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa: “Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas como não posso receber-Vos, agora, no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!”.

Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:

“Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!”

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo