Na Audiência Geral desta quarta-feira, 8, Francisco afirmou que a evangelização é um serviço
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a paixão pela evangelização, ou seja, o zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira, 8, realizada na Praça São Pedro.
Neste encontro semanal com os fiéis, o Pontífice convidou os fiéis a se colocarem à escuta do Concílio Vaticano II, para descobrir que evangelizar é sempre um serviço eclesial, nunca solitário, jamais isolado nem individualista. “A evangelização sempre se faz na ecclesia, ou seja, na comunidade e sem proselitismo porque isso não é evangelização”, sublinhou.
Segundo o Papa, o evangelizador transmite sempre aquilo que ele mesmo ou ela mesma recebeu. “Foi São Paulo que o escreveu primeiro: o evangelho que ele anunciava e que as comunidades recebiam e no qual permaneciam firmes é o mesmo que o Apóstolo, por sua vez, tinha recebido. Este dinamismo eclesial de transmissão da Mensagem é vinculativo e garante a autenticidade do anúncio cristão”.
Por isso, o Santo Padre afirmou que a dimensão eclesial do evangelizador constitui um critério de verificação do zelo apostólico. Uma verificação necessária, porque a tentação de proceder “solitariamente” está sempre à espreita, prosseguiu o Pontífice, de modo especial quando o caminho se torna impérvio e se sente o peso do compromisso.
“Igualmente perigosa é a tentação de seguir caminhos pseudoeclesiais mais fáceis, de adotar a lógica mundana dos números e das sondagens, de confiar na força das nossas ideias, dos programas, das estruturas, das ‘relações que contam'”, alertou.
Decreto Ad gentes
A seguir, o Papa falou a propósito do Decreto Ad gentes (AG), o documento sobre a atividade missionária da Igreja, afirmando que este texto conserva o seu valor, até mesmo no atual contexto complexo e plural.
Primeiramente, Francisco sublinhou que o Decreto Ad gentes convida todos a considerarem o amor de Deus Pai como uma fonte. Ele “nos cria livremente pela sua extraordinária e misericordiosa benignidade, e depois nos chama gratuitamente a partilhar da sua própria vida e glória. Ele quis ser, assim, não só criador de todas as coisas, mas também ‘tudo em todas as coisas’, conseguindo simultaneamente a sua glória e a nossa felicidade”, pontuou.
De acordo com o Santo Padre a passagem é fundamental, pois diz que o amor do Pai tem como destinatário cada ser humano. O Pontífice reforçou que o amor de Deus não é apenas para um pequeno grupo, é para todos. “Ponha bem na cabeça e no coração essa palavra: todos, todos, ninguém excluído, assim diz o Senhor. E esse amor por todo ser humano é um amor que alcança cada homem e mulher através da missão do Filho, medianeiro da salvação e nosso Redentor, e mediante a missão do Espírito Santo, que age em cada um, tanto nos batizados como nos não-batizados”.
Continuar a missão de Cristo
O Concílio Vaticano II recorda que a Igreja tem a tarefa de continuar a missão de Cristo, frisou o Papa. Ele foi “enviado a evangelizar os pobres; por isso – acrescenta Ad gentes – a Igreja, movida pelo Espírito Santo, deve seguir o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até à morte, morte de que Ele saiu vencedor pela sua ressurreição”. Se permanecer fiel a este “caminho”, a missão da Igreja será «a manifestação, ou seja, a epifania e a realização dos desígnios de Deus no mundo e na história»”.
Segundo Francisco, estas breves indicações ajudam também a compreender o sentido eclesial do zelo apostólico de cada discípulo-missionário, porque no Povo de Deus peregrino e evangelizador não existem sujeitos ativos e passivos. Cada batizado, explicou o Pontífice, qualquer que seja a sua função na Igreja e o grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização.
Ter um coração de servo
“Em virtude do Batismo recebido e da consequente incorporação na Igreja, cada batizado participa na missão da Igreja e, nela, na missão de Cristo Rei, Sacerdote e Profeta”, disse o Papa, acrescentando:
“Esta tarefa «é uma e a mesma em toda a parte, sejam quais forem os condicionamentos, embora difira quanto ao exercício conforme as circunstâncias». Isto convida-nos a não nos tornarmos escleróticos nem fossilizados; o zelo missionário do fiel manifesta-se também como busca criativa de novas maneiras de anunciar e testemunhar, de novos modos de encontrar a humanidade ferida que Cristo assumiu. Em síntese, de novas formas de servir o Evangelho e a humanidade. A evangelização é um serviço. Se uma pessoa se diz evangelizador e não tem aquela atitude, aquele coração de servo, e se julga patrão, não é evangelizador, não… é um pobre homem”.
Por fim, o Santo Padre exortou os fiéis a pedirem ao Senhor a graça de tomar nas mãos a vocação cristã e dar graças ao Senhor por aquilo que Ele deu, este tesouro. E tentar comunicá-lo aos outros.