Na Solenidade de Pentecostes, no Vaticano, Francisco comparou o Espírito Santo a uma forte rajada de vento que traz mudança
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Na Solenidade de Pentecostes celebrada neste domingo, 20, na Basílica Vaticana, Papa Francisco comparou a vinda do Espírito Santo sob os apóstolos a uma forte rajada de vento. Segundo o Santo Padre, a rajada de vento sugere uma força grande, mas não finalizada em si mesma. “É uma força que muda a realidade. De fato, o vento traz mudança (…) o mesmo, embora a nível muito diferente, faz o Espírito Santo: Ele é a força divina que muda o mundo”, afirmou.
De acordo com o Pontífice, o Espírito Santo penetra nas situações e as transforma, mudando os corações e as vicissitudes. Francisco aproveitou para recordar as palavras de Jesus aos apóstolos – “Ides receber uma força, a do Espírito Santo (…) e sereis minhas testemunhas” (At 1, 8) – e sublinhou o medo enfrentado pelos discípulos mesmo depois da Ressurreição do Mestre, e esse medo só foi transformado pelo Espírito. “De hesitantes, tornam-se corajosos e, partindo de Jerusalém, lançam-se até aos confins do mundo”, disse.
“O Espírito liberta os espíritos paralisados pelo medo. Vence as resistências. A quem se contenta com meias medidas, propõe ímpetos de doação. Dilata os corações mesquinhos. Impele ao serviço quem se desleixa na comodidade. Faz caminhar quem sente ter chegado. Faz sonhar quem sofre de tibieza. Esta é a mudança do coração. Muitos prometem estações de mudança, novos começos, renovações portentosas, mas a experiência ensina que nenhuma tentativa terrena de mudar as coisas, satisfaz plenamente o coração do homem. A mudança do Espírito é diferente: não revoluciona a vida ao nosso redor, mas muda o nosso coração”, comentou o Papa.
O Santo Padre atribuiu, também, ao Espírito Santo: a capacidade de manter jovem o coração, impedindo o envelhecimento interior. Segundo o Pontífice, a terceira pessoa da Trindade Santa renova os corações, transformando todos de pecadores em perdoados, de culpados e escravos do pecado, em livres e alegres com um coração de paz.
Francisco frisou como aprendizado da Solenidade de Pentecostes a busca pela verdadeira mudança. “Quando nos encontramos por terra, quando nos debatemos sob o peso da vida, quando as nossas fraquezas nos oprimem, quando avançar é difícil e amar parece impossível. Então servir-nos-ia um forte reconstituinte: é Ele, a força de Deus. É Ele – como professamos no Credo – que dá a vida. Como nos faria bem tomar diariamente este reconstituinte de vida! Dizer, ao acordar: Vinde, Espírito Santo, vinde ao meu coração”, suscitou.
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Além dos corações, o Papa destacou que, como o vento o Espírito Santo sopra por todo o lado e chega às situações, mesmo as mais imprevistas. O Santo Padre prosseguiu citando o livro dos Atos dos Apóstolos, no qual é possível ver um dinamismo contínuo, rico de surpresas do Espírito, e advertiu sobre os que buscam a autoconservação e não vão ao encontro dos distantes.
“Muitas vezes, precisamente nos períodos mais escuros, o Espírito suscitou a santidade mais luminosa! Porque Ele é a alma da Igreja, sempre a reanima com a esperança, enche-a de alegria, fecunda-a de vida nova, dá-lhe rebentos de vida”, afirmou o Pontífice. O Santo Padre continuou pedindo aos fiéis que não se cansem de convidar o Espírito para os ambientes onde estão inseridos e, também, convidá-Lo antes das atividades.
O Papa sublinhou que o Espírito dá intimidade com Deus e força interior para avançar, mas ao mesmo tempo é força centrífuga, isto é, impele para o exterior. “Aquele que conduz ao centro é o Mesmo que envia para a periferia, rumo a toda a periferia humana; Aquele que nos revela Deus impele-nos para os irmãos. Envia, torna testemunhas e, para isso, infunde amor, benignidade, bondade, mansidão. Somente no Espírito Consolador proferimos palavras de vida e encorajamos verdadeiramente os outros. Quem vive segundo o Espírito permanece nesta tensão espiritual: encontra-se inclinado conjuntamente para Deus e para o mundo”, comentou.
Ao final de sua homilia, Francisco pediu o Espírito Santo sobre os fiéis, rogando: “Soprai nos nossos corações e fazei-nos respirar a ternura do Pai. Soprai sobre a Igreja e impeli-a até aos últimos confins, para que, levada por Vós, nada mais leve senão Vós. Soprai sobre o mundo o suave calor da paz e a fresca restauração da esperança. Vinde, Espírito Santo, mudai-nos por dentro e renovai a face da terra”, concluiu.