Catequese desta quarta-feira, 1°, deu início à segunda parte da Carta de São Paulo aos Gálatas
Da redação, com Vatican News
“Gálatas insensatos”. Este foi o tema da catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 1°. Audiência Geral foi realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano.
A catequese de hoje deu início à segunda parte da Carta de São Paulo aos Gálatas. Neste trecho, o Apóstolo dos Gentios interpela diretamente os Gálatas. Ele os coloca diante das escolhas que fizeram e da sua condição atual, que poderia anular a experiência de graça que viveram.
Os termos com os quais o Apóstolo se dirige aos Gálatas certamente não são gentis, observa o Pontífice. Nas outras Cartas é fácil encontrar a expressão “irmãos” ou “caríssimos”, aqui não. Diz genericamente “Gálatas” e duas vezes lhes chama de “insensatos”.
“Não o faz porque não são inteligentes, mas porque, quase sem o perceberem, correm o risco de perder a fé em Cristo que aceitaram com tanto entusiasmo. São insensatos porque não se apercebem de que o perigo é o de perder o precioso tesouro, a beleza da novidade de Cristo”, ressalta.
A maravilha e a tristeza do Apóstolo são evidentes, afirma o Papa. “Não sem amargura, ele provoca esses cristãos a lembrarem-se do primeiro anúncio feito por ele, através do qual lhes ofereceu a possibilidade de adquirirem uma liberdade até então inesperada”.
Santidade vem do Espírito Santo
Segundo o Papa, o Apóstolo “faz perguntas aos Gálatas a fim de despertar as suas consciências. Trata-se de questões retóricas, pois os Gálatas sabem muito bem que a sua chegada à fé em Cristo é fruto da graça recebida através da pregação do Evangelho”.
A palavra que ouviram de Paulo centrou-se no amor de Deus, plenamente manifestado na morte e ressurreição de Jesus. Os Gálatas devem olhar para este evento, frisa Francisco, sem se deixarem distrair por outros anúncios.
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“A intenção de Paulo é colocar os cristãos em condições para que se apercebam do que está em jogo e não se deixem encantar pela voz das sereias que os querem conduzir a uma religiosidade baseada unicamente na observância escrupulosa dos preceitos”, comenta.
Os Gálatas experimentaram também a ação do Espírito Santo nas comunidades. “Ao serem colocados à prova, tiveram de responder que quanto tinham vivido era fruto da novidade do Espírito. No início da sua chegada à fé, portanto, estava a iniciativa de Deus e não a dos homens. O Espírito Santo tinha sido o protagonista da sua experiência; colocá-lo agora em segundo plano a fim de dar primazia às próprias obras seria uma insensatez. A santidade vem do Espírito Santo e essa é a gratuidade da redenção de Jesus: isso nos justifica”, disse ainda o Papa.
Viver a fé
De acordo com o Pontífice, o convite de São Paulo deve ser aplicado também aos fiéis de hoje. É preciso refletir sobre a forma como se vive a fé.
“Será que o amor de Cristo crucificado e ressuscitado permanece no centro da nossa vida cotidiana como fonte de salvação, ou será que nos contentamos com algumas formalidades religiosas para estar em paz com a nossa consciência? Estamos apegados ao tesouro precioso, à beleza da novidade de Cristo, ou preferimos algo que neste momento nos atrai, mas que depois nos deixa vazios por dentro?”, questiona.
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O Papa destaca que o efêmero bate muitas vezes à porta, mas é uma triste ilusão, que faz com que homens e mulheres caiam na superficialidade e os impede de discernir aquilo por que realmente vale a pena viver.
Deus continua concedendo seus dons
Francisco convida os católicos a manterem a certeza de que, “mesmo quando somos tentados a nos afastar, Deus continua concedendo os seus dons”.
Sempre na história e também hoje, acontecem coisas semelhantes ao que aconteceu aos Gálatas. “Também hoje, ouvimos alguém que diz: ‘Não, a santidade está nesses preceitos, nessas coisas, vocês têm que fazer isso ou aquilo, e isso nos leva a uma religiosidade rígida, de rigidez que no tira aquela liberdade no Espírito que a redenção de Cristo nos dá'”.
O Santo Padre pede cuidado com as várias rigidez que são propostas. Por atrás de toda rigidez existe algo ruim, não há o Espírito de Deus, reitera. “Esta carta nos ajudará a não dar ouvidos a essas propostas um pouco fundamentalistas que nos fazem regressar em nossa vida espiritual, e nos ajudará a ir adiante na vocação pascal de Jesus.”
O Pontífice conclui sua catequese, dizendo que, apesar de todas as dificuldades colocadas à ação do Espírito, “não obstante os nossos pecados, Deus não nos abandona, mas permanece conosco com o seu amor misericordioso”.
“Deus está sempre perto de nós com a sua bondade. Peçamos a sabedoria de percebermos sempre essa realidade e mandar embora os fundamentalistas que nos propõem um caminho de ascese artificial, distante da ressurreição de cristo. A ascese e necessária, mas uma ascese sábia e não artificial”.