Papa presidiu a Vigília Pascal renovando a mensagem de esperança trazida pela Páscoa
Jéssica Marçal
Da Redação
Papa Francisco no início da vigília pascal, diante do Círio Pascal / Foto: REUTERS/Remo Casilli/Pool
Uma palavra de esperança frente a todo sofrimento e morte, renovando a fé no Ressuscitado. Assim foi a homilia do Papa Francisco ao presidir neste Sábado Santo, 3, a Vigília Pascal no Vaticano. Considerada a mãe de todas as vigílias, essa celebração antecede a grande festa da Páscoa, Ressurreição de Jesus. A vigília teve participação limitada de fiéis por causa da pandemia.
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.: Íntegra da homilia do Papa
A liturgia da celebração traz o Evangelho de Marcos, que relata o episódio em que as mulheres foram ao túmulo para ungir o corpo de Jesus, mas o encontraram vazio. Elas escutaram um anúncio de vida – “Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou (16, 6)” – e depois um convite: “Ele precede-vos a caminho da Galileia; lá O vereis”.
Segundo Francisco, este é o convite da Páscoa: ir à Galileia, onde o Ressuscitado nos espera. E ele explicou o que isso significa.
Recomeçar é possível sempre
Antes de mais nada, ir para a Galileia significa recomeçar, disse o Papa. Jesus convida os discípulos a retornarem ao local onde inicialmente Deus os chamou. Para além de todo falha, Jesus quer os discípulos novamente consigo.
O Santo Padre frisou que isso significa que é possível recomeçar sempre. “Deus pode construir uma obra de arte até a partir dos escombros do nosso coração; a partir mesmo dos pedaços arruinados da nossa humanidade, Deus prepara uma história nova”.
No momento atual vivido pela humanidade, uma mensagem mais que atual. “Nestes meses sombrios de pandemia, ouçamos o Senhor ressuscitado que nos convida a recomeçar, a nunca perder a esperança”.
Novos caminhos: fé não é repertório do passado
Ir para a Galileia também significa percorrer caminhos novos. Aqui, Francisco observou que muitos vivem a “fé das recordações”, como se Jesus fosse um personagem do passado, um amigo distante.
Ao contrário disso, ir para a Galileia significa que a fé precisa seguir caminhando para continuar viva. É preciso reavivar a maravilha do primeiro encontro e se deixar surpreender pelos caminhos de Deus, que não pode ser arrumado entre as recordações do passado.
“A fé não é um repertório do passado, Jesus não é um personagem ultrapassado. Ele está vivo, aqui e agora. Caminha contigo todos os dias, na situação que estás a viver, na provação que estás a atravessar, nos sonhos que trazes dentro de ti”.
Amor sem fronteiras: ao encontro do irmão
O último aspecto comentado pelo Papa foi sobre ir aos confins, ir além, ao encontro dos irmãos e irmãs. Ele lembrou que a Galileia é o lugar onde moravam os que estavam mais longe da pureza ritual de Jerusalém. Mas foi justamente por ali que Jesus começou sua missão: com os mais frágeis, pobres, excluídos.
“Na Galileia, aprendemos que é possível encontrar o Ressuscitado no rosto dos irmãos, no entusiasmo de quem sonha e na resignação de quem está desanimado, nos sorrisos de quem exulta e nas lágrimas de quem sofre, sobretudo nos pobres e em quem é marginalizado”.
Nesse terceiro anúncio da Páscoa, o convite é a redescobrir a graça do cotidiano, explicou o Papa. Jesus ama sem fronteiras, então o chamado é para que os fiéis saibam reconhece-Lo na vida de todos os dias. Com Ele, a vida mudará, pois para além de toda derrota, sofrimento e morte, o Ressuscitado vive e guia a história.
“Irmão, irmã, se nesta noite tens no coração uma hora escura, um dia que ainda não raiou, uma luz sepultada, um sonho despedaçado, abre o coração maravilhado ao anúncio da Páscoa: ‘Não tenhas medo, ressuscitou! Espera-te na Galileia’. Os teus anseios serão realizados, as tuas lágrimas serão enxugadas, os teus medos serão vencidos pela esperança. Porque o Senhor te precede, caminha à tua frente. E, com Ele, a vida recomeça.
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