Em entrevista ao jornal espanhol ABC, Francisco falou sobre diversos temas; Entrevista será publicada na íntegra neste domingo, 18
Da redação, com Vatican News
O jornal espanhol ABC antecipou alguns trechos da entrevista com o Papa Francisco que será publicada na íntegra na edição deste domingo, 18. A matéria é assinada pelo diretor Julian Quiros e pelo vaticanista Javier Martinez Brocal. “Às vezes, me usam. Mas nós usamos Deus muito mais, então eu fico quieto e vou em frente”, revelou o Pontífice.
Confira alguns trechos que foram antecipados:
Jornal ABC: Como está o joelho?
Papa Francisco: Já estou caminhando, a decisão de não me operar acabou sendo a decisão certa.
Jornal ABC: O senhor está com muito bom aspecto…
Papa Francisco: (Risos) Sim, eu já atingi a idade em que você tem que dizer: “Você está com bom aspecto!”
Jornal ABC: Quando vi o senhor na cadeira de rodas, pensei que sua agenda iria diminuir, em vez disso, triplicou.
Papa Francisco: Governa-se com a cabeça, não com o joelho.
Jornal ABC: No dia 13 de março, o senhor festejará dez anos como Papa. Sua eleição nos pegou a todos de surpresa.
Papa Francisco: Também a mim. Eu tinha reservado meu bilhete de volta a Buenos Aires a tempo para o Domingo de Ramos. Eu estava muito calmo.
Jornal ABC: Como aprendeu a ser Papa?
Papa Francisco: Não sei se aprendi ou não… A história pega você onde você está.
Jornal ABC: O que acha mais difícil em ser Papa?
Papa Francisco: Não poder andar nas ruas, não poder sair. Em Buenos Aires eu era muito livre. Eu usava transporte público, eu gostava de ver como as pessoas se moviam.
Jornal ABC: Mas o senhor ainda vê muita gente…
Papa Francisco: O contato com as pessoas me recarrega, por isso não cancelei nem mesmo uma audiência de quarta-feira. Mas sinto falta de sair pelas ruas porque agora o contato é funcional. Eles vão “para ver o Papa”, essa função. Quando saia pela rua, eles nem sequer sabiam quem era o cardeal.
Jornal ABC: Aqui em Santa Marta o senhor vê muitas pessoas. Alguns parecem tirar proveito disso e fingir ser amigos do Papa para seus próprios interesses.
Papa Francisco: Há seis ou sete anos, um candidato argentino veio à Missa. Eles tiraram uma foto fora da sacristia e eu lhe disse: “Por favor, não a use politicamente”. “O senhor pode ficar tranquilo”, respondeu ele. Uma semana mais tarde, Buenos Aires foi rebocada com aquela foto, adulterada para fazer parecer que se tratava de uma audiência pessoal. Sim, às vezes eles me usam. Mas nós usamos Deus muito mais, então eu fico quieto e vou em frente.
Jornal ABC: Também deve ser difícil que cada palavra que o senhor pronuncia seja calibrada.
Papa Francisco: Às vezes eles o fazem com uma hermenêutica prévia ao que eu disse, para me levar para onde eles querem que eu vá. “O Papa disse isto”… Sim, mas eu disse isso em um determinado contexto. Se você retira do contexto, significa outra coisa.
Jornal ABC: Nenhum Papa jamais fez coletivas de imprensa ou deu entrevistas falando tão livremente.
Papa Francisco: Os tempos mudam.
Jornal ABC: Que presente pediria para este Natal?
Papa Francisco: Paz no mundo. Quantas guerras há no mundo! A da Ucrânia nos toca mais de perto, mas pensemos também em Mianmar, Iêmen, Síria, onde se combate há treze anos…