Expectativa

Monsenhor Pasini comenta proximidade da viagem do Papa ao Japão

Ao retornar de uma viagem oficial ao Japão, o prefeito da Biblioteca Vaticana revelou a expectativa dos japoneses pela iminente visita papal

Da redação, com Vatican News

No Japão, há gratidão pelo Papa Francisco que visitará o país no final do mês de novembro, mas também um grande interesse pela história dos cristãos japoneses perseguidos entre os séculos XVI e XIX. É o que conta monsenhor Cesare Pasini, prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, ao retornar de uma viagem à ilha de Kyūshū, onde proferiu duas conferências no âmbito da colaboração com as instituições japonesas para a conservação e o estudo do Fundo das ‘Cartas Marega’.

A colaboração para as ‘Cartas Marega’

O fundo consiste em documentos civis e governamentais coletados no Japão nos anos trinta e quarenta do século passado pelo missionário salesiano padre Mario Marega, e concernentes à perseguição aos cristãos japoneses que começaram no final do século XVI.

Em 2014, a Biblioteca Vaticana havia anunciado o nascimento de uma colaboração com instituições japonesas, vinculadas ao National Institute for Humanities (Nihu), para inventariar, conservar, digitalizar, estudar e catalogar os cerca de dez mil documentos do fundo.

Cerca de um mês antes da esperada visita do Papa Francisco ao Japão, que acontecerá de 23 a 26 de novembro, Mons. Pasini foi a Ōita e Nagasaki, entre 26 e 27 de outubro, para anunciar o início da fase final do projeto. “A acolhida que recebi foi como sempre extraordinária, porque as instituições japonesas fazem da hospitalidade um sinal de atenção e cordialidade para com seus convidados. Nesse caso, havia um aspecto adicional de formalidade, precisamente por causa da prevista e agora já próxima visita do Papa Francisco”, contou o monsenhor.

Monsenhor Pasini participou de alguns encontros oficiais na cidade de Usuki, ligada geograficamente à origem das ‘Cartas Marega’, e proferiu duas conferências em Ōita e Nagasaki. “Pude anunciar que agora estamos em um bom estágio de nossa colaboração para o cuidado deste fundo”, conta o prefeito da Biblioteca Vaticana.

“A nossa biblioteca já restaurou, organizou e digitalizou todos os documentos. Agora falta concluir a última parte do trabalho, que já está em estágio avançado, a do estudo e da organização de documentos em um banco de dados que será então tornado público”.

Interesse não apenas cultural das instituições japonesas

“Esses documentos nos fornecem ulteriores dados sobre a história das perseguições sofridas pelos cristãos no Japão por cerca de dois séculos e meio”. “Trata-se sobretudo de documentos referentes ao censo de pessoas, comparáveis ​​aos registros de nossas paróquias. Lá, no entanto, tratava-se de registros (…) que atestam como os cidadãos têm sido registrados e junto a isso ‘controlados’ para verificar se haviam abandonado o cristianismo”, explicou monsenhor Pasini.

As instituições japonesas colaboraram ativamente no cuidado desses documentos que atestam as violências e a limitação da liberdade religiosa sofrida pelos cristãos no país. “É uma circunstância que demonstra seu desejo de diálogo e respeito pela Igreja”, observa o prefeito da Biblioteca Vaticana.

“Da parte deles, há também um interesse histórico e sociológico, porque essas cartas traçam um panorama muito claro da sociedade da época, das famílias japonesas naqueles séculos, do papel do chefe da família, do trabalho, do modo de vida. Para eles, portanto, é muito interessante e eles querem ampliar esta pesquisa”, completou. 

O cemitério cristão preservado

“Pude constatar que há uma atenção muito forte pela realidade cristã daqueles séculos. Talvez com uma abordagem do tipo cultural, mas eu diria também de caráter religioso. (…) Em Ōita visitei duas exposições que diziam respeito à vida desses cristãos perseguidos, onde estão expostas algumas cruzes e também as imagens de metal que os cristãos eram forçados a pisar no ritual chamado ‘e-fumi’, para provar que não eram mais crentes”, acrescentou monsenhor Pasini.

“Em Usuki também pude visitar a área do antigo cemitério cristão. Não há mais sepulturas em evidência, mas desde então, mesmo nos séculos mais sombrios, não foi nem vandalizado, nem destruído, mas preservado com respeito”, afirmou monsenhor Pasini.

O prefeito da Biblioteca Vaticana prosseguiu: “Havia equipes de TV que me entrevistaram e me pareceu que havia um grande interesse naquele lugar, pelos achados antigos deles e por mim como representante do Vaticano”. Sobre a expectativa pela visita do Papa, o monsenhor afirma ser  grande, estando a conferência de Ōita organizada em  homenagear o Pontífice.

Além de ter registrado o desejo de participação na Missa que o Papa celebrará em Nagasaki, assim como nos outros eventos, o prefeito da Biblioteca Vaticana verificou um interesse mais amplo pelo cristianismo e pelo que ele representou para o Japão. “Em Ōita fui recebido com uma grande solenidade, que considero esteja ligada à chegada do Papa já próxima, tanto que em um dos dois mastros do prédio da Prefeitura, ao lado da bandeira japonesa, estava a bandeira do Vaticano”.

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