7º dia do novendiali

Missa no Vaticano: Francisco ensinou a assumir o grito da vida violada

Cardeal Gugerotti recordou ensinamentos do Papa Francisco em sua homilia no sétimo dia do novenário em memória do Pontífice

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Cardeal Gugerotti / Foto: Joyce Mesquita

As Igrejas Orientais foram as convidadas especiais no sétimo dia do novenário em memória do Papa Francisco nesta sexta-feira, 2. A celebração eucarística foi presidida pelo Cardeal Claudio Gugerotti.

Em sua homilia, o cardeal recordou que, há poucos dias, os fiéis rezaram sobre o corpo do Papa Francisco e sobre este mesmo corpo proclamaram a fé inabalável na ressurreição dos mortos. Nestes dias, segue a certeza e a invocação para que Deus olhe com misericórdia para o seu servo fiel.

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A ressurreição, observou, não é um fenômeno intrínseco à natureza humana: é Deus que faz ressurgir, mediante o seu Espírito. “Das águas do Batismo emergimos como novas criaturas, membros da família de Deus, íntimos seus ou, como diz São Paulo, filhos adotivos e não mais escravos. E é justamente porque somos filhos que no mesmo Espírito nos é permitido gritar a nossa invocação: Abbá, Pai”.

O cardeal observou que toda a criação se une a esse clamor, aguardando sua cura. “A criação e a pessoa humana parecem ter tão pouco valor hoje”, ponderou, recordando que o tema da criação – na perspectiva do respeito e cuidado – era muito estimado pelo Papa Francisco.

Assumir o grito da vida

A partir do Evangelho segundo João, Cardeal Gugerotti lembrou que quem ama a sua vida a perderá e quem a odeia irá encontrá-la. Nessa frase extrema, Deus exprime a especificidade dos cristãos, considerados pelo mundo como seguidores de um perdedor que, através da morte, e não da edificação de um reino terreno, salvou o mundo e redimiu cada um.

“Papa Francisco nos ensinou a assumir o grito da vida violada, a assumi-lo e apresentá-lo ao Pai, mas também a trabalhar para aliviar concretamente a dor que esse grito desperta em qualquer latitude e nas infinitas maneiras pela qual o mal nos enfraquece e destroi”.

As Igrejas Orientais

O purpurado referiu-se também à presença de padres e filhos das Igrejas Orientais católicas para testemunhar a riqueza de sua experiência de fé e o grito do seu sofrimento oferecido pelo repouso eterno do falecido Pontífice.

A eles, expressou gratidão por aceitarem enriquecer a catolicidade da Igreja com a variedade de suas experiências, culturas, mas sobretudo com sua espiritualidade. “Filhos dos primórdios do cristianismo, eles carregaram no coração, junto com os irmãos e irmãs ortodoxos, o sabor da terra do Senhor, e alguns até mesmo continuam a falar a língua que Jesus falou”.

“No passado, os católicos orientais aceitaram aderir à plena comunhão com o sucessor do apóstolo Pedro cujo corpo repousa nesta Basílica. E foi em nome desta união que testemunharam, muitas vezes com o sangue ou perseguição, a sua fé”, acrescentou.

No decorrer da história, esses fiéis às vezes foram pouco compreendidos pelos ocidentais, observou o cardeal, e sofreram julgamentos. “Papa Francisco, que nos ensinou a amar a diversidade e a riqueza da expressão de tudo o que é humano, acredito eu que hoje se alegra ao nos ver juntos em oração por ele e por sua intercessão”.

O cardeal concluiu a homilia exortando os cardeais, nestes dias que antecedem a escolha do novo Papa, a repetirem a invocação do Espírito Santo que um grande padre oriental, São Simeão, o Novo Teólogo, escreveu no início dos seus hinos: “Vem, luz verdadeira; vem, vida eterna; vem, mistério escondido; vem, tesouro sem nome”.

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