Nesta segunda-feira, 4, Francisco presidiu a Santa Missa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos nos últimos 12 meses
Julia Beck
Da redação
Como de costume, após a celebração dos fiéis defuntos, no sábado, 2, o Papa Francisco presidiu nesta segunda-feira, 4, a Santa Missa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos nos últimos 12 meses. Em sua homilia, o Pontífice enfatizou o trecho do Evangelho de São Lucas: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reino” – últimas palavras dirigidas ao Senhor por um dos dois homens crucificados com Ele.
Não é um discípulo que as pronuncia, destaca o Santo Padre. “Não é um daqueles que seguiam Jesus pelas estradas da Galileia e que partilharam com Ele o pão na última ceia. O homem que se dirige ao Senhor é um malfeitor, alguém que O encontra somente no fim da vida, alguém cujo nome não sabemos. Os últimos suspiros deste estranho, no entanto, se tornam um diálogo cheio de verdade”, reflete.
Francisco recorda que, enquanto Jesus é colocado entre os criminosos, como Isaías havia profetizado, ouve-se uma voz inesperada que diz: “Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. Na sequência, o Papa volta a afirmar que aquele condenado representa a todos e incentiva os fiéis a fazerem da súplica do mesmo, sua própria súplica: “Jesus lembra-te de mim, mantenha-me em tua memória, não se esqueça de mim”.
Recordar
O Santo Padre sugere então uma reflexão sobre este primeiro ato: lembrar, recordar. De acordo com ele, significa levar de volta ao coração. “Aquele homem crucificado ao lado de Jesus transforma a sua dor extrema em oração. ‘Leva-me em teu coração Jesus’. Não pede com voz angustiada, de derrotado, mas em tom de esperança. Isso é tudo aquilo que deseja aquele delinquente, que morre como um discípulo na última hora”, salienta. Francisco descreve que aquilo é tudo o que importava para ele diante da morte.
“O Senhor ouve o coração do pecador até o fim, como sempre. O coração de Cristo, transpassado pela dor, foi aberto para salvar o mundo. Aberto, não fechado, acolhe mesmo morrendo. Morre conosco, porque morre por nós”, sublinha o Papa.
O Crucificado inocente responde o apelo do crucificado culpado, lembra o Santo Padre: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”. Francisco enfatiza que a memória de Jesus é eficaz porque é rica em misericórdia. “Enquanto a vida de um homem chega ao fim, Deus concede a liberdade da morte. Assim o condenado é redimido, o estranho se torna um companheiro, um breve encontro na cruz leva à paz eterna”.
Como encontrar Jesus
O Papa sugere aos fiéis que reflitam: “Como eu encontro Jesus? Como me deixo encontrar por Jesus? Deixo-me encontrar ou me fecho no meu egoísmo, dor e autossuficiência? Coloco-me como pecador para me deixar encontrar por Jesus, ou me sinto um justo e digo: ‘Não preciso de ti’”.
Jesus se recorda de quem é crucificado ao seu lado, enfatiza Francisco. “Seu cuidado até o último suspiro nos faz refletir: há diferentes formas de recordar as pessoas e as coisas. Podemos nos lembrar dos erros, das contas em aberto, dos amigos, dos adversários…. Perguntemo-nos hoje: Como estão as pessoas em nosso coração? Como recordamos aqueles que passam em nossas vidas? Julgo? Divido? Acolho? ”. Por fim, o Santo Padre sugere que os católicos se voltem para o coração de Jesus para encontrar a salvação.
“A memória do Senhor custodia toda a história. Ele é juiz compassivo e rico de misericórdia. O Senhor é próximo a nós, compassivo e rico de misericórdia”, acrescenta. A partir disso, o Pontífice indica aos católicos que apliquem estes atos em suas vidas.
Cardeais e bispos falecidos
Ao final da homilia, o Papa exortou todos a rezarem pelos cardeais e bispos falecidos. “Foram pastores e modelos do rebanho do Senhor. Que possam sentar à sua mesa após terem partido o Pão na terra. Todos amaram a Igreja, cada um à sua maneira. Que possam desfrutar da eternidade na companhia dos santos. (…) Esperamos nos alegrar com eles no paraíso. Jesus lembra-te de nós”.