HOMILIA

Misericórdia é o grande ensinamento do Papa Francisco, afirma Parolin

Cardeal presidiu Missa em sufrágio pela alma do Pontífice no segundo dia do Novendiali e falou diretamente aos jovens, frisando que, com Jesus, nada é difícil demais

Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Cardeal Pietro Parolin presidiu a Missa do segundo dia do Novendiali neste domingo, 27 / Foto: Vatican Media/CPPIPA/Sipa USA via Reuters Connect

No segundo dia do Novendiali, o Cardeal Pietro Parolin presidiu a Missa em sufrágio pela alma do Papa Francisco neste domingo, 27. Segundo as autoridades competentes, cerca de 200 mil fiéis estiveram presentes na Praça São Pedro a fim de rezar pelo Pontífice falecido na segunda-feira, 21.

Muitos jovens estavam entre os participantes: na sexta-feira, 25, teve início o Jubileu dos Adolescentes, cuja programação contempla a Missa deste domingo. Além disso, foi celebrada a Festa da Divina Misericórdia.

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Em sua homilia, Parolin iniciou destacando a tristeza e o medo dos apóstolos, encerrados no cenáculo, conforme narrado no Evangelho do dia (Jo 20,19-31). “O estado de espírito dos discípulos está perturbado e o seu coração triste, porque o Mestre e Pastor, que tinham seguido deixando tudo, foi pregado na cruz. Viveram coisas terríveis e sentem-se órfãos, sozinhos, perdidos, ameaçados e indefesos”, pontuou.

O cardeal afirmou que esta imagem inicial do Evangelho pode representar bem o estado de espírito de todos após a morte do Santo Padre. “A dor pela sua partida, o sentimento de tristeza que nos assalta, a perturbação que sentimos no coração, a sensação de desorientação: estamos a viver tudo isto, como os apóstolos entristecidos pela morte do Senhor”, expressou.

Com Jesus, nada é difícil demais

Contudo, é nestes momentos que Cristo vem ao encontro com a luz da ressurreição, a fim de iluminar os corações. Parolin sinalizou que este foi um dos aprendizados deixado por Francisco, que escreveu na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (n. 1).

“A alegria pascal, que nos sustenta na hora da provação e da tristeza, hoje é algo que quase se pode tocar nesta praça”, indicou o cardeal. “É visível sobretudo nos vossos rostos, queridos meninos e adolescentes que viestes de todo o mundo para celebrar o Jubileu”, acrescentou, dirigindo aos jovens uma saudação especial a fim de fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco.

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Diante dos desafios do mundo contemporâneo, Parolin frisou aos presentes que nunca devem esquecer de alimentar a vida com a verdadeira esperança, que tem o rosto de Jesus Cristo Ressuscitado e vivo na sua Igreja. “Com Ele, nada será demasiado grande ou difícil”, salientou, “com Ele, nunca estareis sozinhos nem abandonados a vós mesmos, nem sequer nos momentos mais sombrios”.

Segundo o cardeal, Jesus vai ao encontro de cada um para dar coragem para viver; para partilhar as experiências, as preocupações, os dons, os sonhos; para ajudar a ser generosos, fiéis e responsáveis na vida; para levar à compreensão que o amor tudo compreende e espera.

Divina Misericórdia

Recordando a Festa da Divina Misericórdia, Parolin sublinhou que esta foi uma das características do Magistério do Papa Francisco e de sua atividade apostólica. “Ele lembrou-nos que ‘misericórdia’ é nome próprio de Deus e, portanto, ninguém pode colocar limites ao seu amor misericordioso, com o qual Ele quer levantar-nos e tornar-nos pessoas novas”, disse.

O cardeal ressaltou a importância de acolher como um “precioso tesouro” esta indicação deixada pelo Pontífice e reforçou que o carinho manifestado por Francisco não deve permanecer no sentimentalismo. “Devemos acolher o seu legado e torná-lo vida vivida, abrindo-nos à misericórdia de Deus e tornando-nos também nós misericordiosos uns para com os outros”, exortou.

“A misericórdia leva-nos de novo ao coração da fé”, prosseguiu Parolin. “A boa notícia do Evangelho é, antes de mais nada, a descoberta de sermos amados por um Deus que tem entranhas de compaixão e ternura por cada um de nós, independentemente dos nossos méritos”, afirmou.

Neste contexto, o cardeal apontou que cada ser humano é chamado a comprometer-se em viver suas relações não de modo egoísta, mas abrindo-se ao diálogo com o outro, acolhendo quem encontra no caminho e perdoando suas fraquezas e erros. “Só a misericórdia cura e cria um mundo novo, extinguindo os focos de desconfiança, ódio e violência: este é o grande ensinamento do Papa Francisco”, salientou.

Parolin frisou que o Pontífice foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia. “[Ele] recordou-nos que não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos e, sobretudo, nunca pode haver paz se não aprendermos a perdoar-nos reciprocamente, usando entre nós a mesma misericórdia que Deus tem para com a nossa vida”, concluiu.

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