Neste sábado, 22, foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o 55o Dia Mundial das Comunicações Sociais
Da redação, com Vatican News
Intitulada “Vem e verás”, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações deste ano reflete sobre alguns princípios do jornalismo. Extraído do Evangelho de João (Jo 1,46), o tema tem como subtítulo “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.
Leia na íntegra
.: Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações 2021
O Pontífice recorda que “vem e verás” foi a forma como a fé cristã se comunicou, começando pelos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia. Aos primeiros discípulos que o quiseram conhecer, depois do seu batismo no rio Jordão, Jesus respondeu: «Vinde e vereis» (Jo 1, 39), convidando-os a viver em relação com ele. O mesmo diz Filipe a Natanael.
A fé cristã começa desta forma e assim é comunicada: “com um conhecimento direto, nascido da experiência, e não por ouvir dizer”, diz o Papa, algo muito atual nos tempos da informação nos grupos de WhatsApp.
Vir e ver pressupõe dois movimentos, aponta o Santo Padre. O primeiro deles é sair da presunção cômoda do “já sabido” e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las. Isso requer transparência e honestidade intelectual. Mas além do aspecto moral, “ir e ver”, Francisco se refere a algo basilar no jornalismo, isto é, deixar de lado a informação construída nas redações, em frente do computador, para sair à rua, “gastar a sola dos sapatos”, encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar informações.
“Se não nos abrirmos ao encontro, permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas” – Papa Francisco
Cada instrumento só é útil e precioso, adverte o Papa, se impelir homens e mulheres a irem e ver coisas que, de outra forma, não seriam descobertas, para colocarem em rede conhecimentos que, do contrário, não circulariam, permitirem encontros que de outra forma não teriam lugar.
O “vem e verás” é o método mais simples de conhecer uma realidade. Para conhecer, escreve ainda o Pontífice, é necessário encontrar, permitir que quem está à frente fale, deixar que o testemunho chegue até outros.
Agradecimento pela coragem de muitos jornalistas
A este ponto da mensagem, o Papa agradece aos muitos jornalistas que arriscam a própria vida. Se hoje se conhece a difícil condição das minorias perseguidas, os muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação e as tantas guerras esquecidas, é porque alguém sentiu a curiosidade, ou melhor, a paixão de noticiar essas realidades, frisa o Santo Padre. “Seria uma perda não só para a informação, mas para toda a sociedade e para a democracia se faltassem essas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”.
Inclusive nesta época de pandemia, há muitas realidades que convidam a “ir e ver”, como os desempregados que fazem filas nos centros da Cáritas para receber um pacote de alimentos. “Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África?”, questiona o Pontífice, alertando para que a distribuição das vacinas anti-Covid não obedeça a uma lógica do lucro.
Oportunidades e ciladas na web
Outro alerta do Papa diz respeito à informação produzida nas redes sociais. Se por uma lado pode haver mais velocidade no fluxo da informação, por outro há o risco da sua manipulação. Um risco que chama a todos a uma responsabilidade “pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos juntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as”.
“Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar” – Papa Francisco
Nada substitui ver com os próprios olhos
Na comunicação, prossegue o Papa, nada jamais pode substituir completamente o ver com os próprios olhos. A boa nova do Evangelho difundiu-se pelo mundo graças a encontros de pessoa a pessoa, de coração a coração.
Para Francisco, “aquele grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eltrônicas; mas foram a sua fé, a sua esperança e a sua caridade que impressionaram os seus contemporâneos”.
Isso significa que o Evangelho acontece novamente hoje, sempre que recebemos o testemunho claro de pessoas cujas vidas foram mudadas pelo seu encontro com Jesus. “Há mais de dois mil anos que uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. O desafio que nos espera é o de comunicar, encontrando as pessoas onde estão e como são.”
A mensagem do Papa se conclui com uma oração:
“Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos, e partir à procura da verdade. Ensinai-nos a ir e ver, ensinai-nos a ouvir, a não cultivar preconceitos, a não tirar conclusões precipitadas. Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém, a reservar tempo para compreender, a prestar atenção ao essencial, a não nos distrairmos com o supérfluo, a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade. Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo e a honestidade de contar o que vimos.”